O meio político guarulhense viveu nesta quinta-feira uma tarde bastante tensa, após o vereador Marcelo Seminaldo (PT) revelar as denúncias que recebeu contra Alexandre Zeitune (REDE), vice-prefeito que foi exonerado pelo prefeito Guti (PSB) em setembro do ano passado do cargo de secretário municipal de Educação, Cultura, Esportes e Lazer. Bastou o petista pedir a abertura de uma Comissão Especial de Inquérito para que os parlamentares entrassem em parafuso. A impressão geral é que a notícia pegou de surpresa a todos, tanto no Legislativo como no Executivo.
Boatos infundados
Menos de cinco minutos depois que a denúncia foi feita e os parlamentares correram para a sala da Presidência da Câmara para ouvir os áudios “comprometedores”, teve início a temporada de boatos espalhados por todos os lados, sempre propagando e defendendo interesses próprios. Imediatamente, nomes de três secretários municipais foram citados, como se estivessem envolvidos nas denúncias, o que não se confirmou mais tarde, mas serviu para jogar uma cortina de fumaça e inibir a divulgação imediata dos fatos.
Sem os celulares
Para que o áudio não vazasse, todos os vereadores tiveram que deixar seus celulares do lado de fora da sala da Presidência, o que os deixou incomunicáveis por mais de uma hora. Quando um ou outro saía, as informações se tornavam mais desencontradas ainda. Um pequeno grupo defendia que a Câmara rejeitasse a CEI, transferindo para o Ministério Público a apuração das denúncias. A bancada do PT estava inconformada pelo fato de Seminaldo levar ao plenário da Casa sem o conhecimento deles. Por um bom tempo, diversos parlamentares estavam pensando apenas nos interesses próprios em detrimento do coletivo.
Desisitiu sqn
Ainda durante a reunião fechada, nos bastidores da Câmara, a assessoria de Zeitune cuidava de passar informações em relação a postura do ex-secretário da Secel, sem – em momento algum – negar o teor das gravações. Primeiro, chegou a informar jornalistas presentes que o vice iria desistir da pré-candidatura ao Governo de São Paulo para se concentrar numa ofensiva contra o prefeito. O aviso soou como uma ameaça velada à base governista para que rejeitasse a CEI. Não deu certo.
Evidências
O grupo de vereadores contrários à abertura da CEI logo foi convencida, quando os áudios foram ouvidos. Segundo a coluna apurou, quase todos saíram convencidos de que a voz ali era realmente de Zeitune. O próprio Seminaldo afirmou que só levou a denúncia adiante por estar convencido da veracidade da gravação. Óbvio que uma perícia independente deverá trazer a verdade à tona e o vice-prefeito terá a possibilidade de exercer seu direito constitucional de defesa. Afinal, seria irresponsável neste momento condená-lo antes que tudo seja apurado.
A pré-candidatura voltou
Após a certeza de que a CEI seria aberta, a assessoria do vice-prefeito começou a mudar o discurso, levando aos jornalistas a informação que Zeitune manterá sua pré-candidatura ao Governo de SP e que vai usar a Comissão para se defender e apresentar denúncias contra a atual administração, da qual fez parte até setembro do ano passado. Vale salientar que desde que saiu da Secel, Zeitune já atacou diferentes secretários municipais, sem nunca conseguir provar nada de ilícito contra eles. Tem agora uma nova oportunidade.
Câmara unida?
O episódio serviu para, pela primeira vez em décadas, unir a Câmara Municipal em um só propósito: o de investigar. Vale lembrar que em 16 anos de PT no poder todas as comissões de inquérito propostas na Casa naufragaram devido à ingerência do Executivo. Desta vez, a base governista apoia a investigação. A Prefeitura, inclusive, emitiu nota oficial elogiando o Legislativo, colocando-se à disposição para colaborar com informações para o bom andamento das investigações.
Repercussão nacional
Caso se confirme o teor das denúncias levadas por Seminaldo à Câmara, é bem possível que o caso tenha repercussão nacional, já que envolve diretamente o nome da pré-candidata a Presidência pela Rede de Sustentabilidade, Marina Silva. Quem ouviu o áudio, garante que fica claro que Zeitune e um operador de nome “Marco” estariam pedindo dinheiro para as campanhas dele a governador e para ela a presidente.