Variedades

A bossa nova de Carlos E Claudio Lyra ao vivo

O cantor e compositor Carlos Lyra, 77, foi o maior incentivador da carreira do sobrinho, Claudio Lyra, quando ele decidiu seguir os passos do tio famoso, um dos mais importantes artistas de bossa nova, em 2008, ocasião em que lançou seu primeiro disco Em Paz Com os Meus. “Agora, Claudio me disse que ia lançar um disco novo, com inéditas e me perguntou se eu participaria. Dei o sinal verde e ele cuidou de todo o resto. Até do repertório. Ele conhece toda a minha obra desde que começou a tocar violão”, explicou por e-mail o autor do clássico Minha Namorada, que ele fez com Vinicius de Moraes.

Carlos lembra que quando o sobrinho falou para o pai que gostaria de ganhar uma guitarra, este respondeu: “Só quando souber tocar todas as músicas do seu tio no violão”.

E Claudio fez a lição de casa, aprendeu a tocar todo o repertório do tio, que ele chama de “lenda viva”, no instrumento, e mostrou tanto ao pai quanto ao Carlos, que poderia correr atrás do sonho de ser cantor.

Se no primeiro disco de 2008, o tio serviu apenas de inspiração para algumas composições, no segundo, que ele está lançando agora, Claudio Lyra – Autobiografia Não Autorizada, Carlos participou de forma direta ao fazer a melodia de uma das faixas, Passageiros. “Fui crescendo e tive que conviver com o peso dele ao meu lado, uma lenda viva. Mas como ele sempre serviu de inspiração, me senti mais seguro em chamá-lo para fazer a música Passageiros”, diz Claudio por telefone do Rio de Janeiro, onde mora.

Da parceria musical para o convite de fazerem um show juntos foi um pulo. Eles se apresentam a partir de hoje, 25, até sábado, 28, no palco da Caixa Cultural, nas comemorações dos 463 anos da fundação da cidade de São Paulo.

No repertório do show, alguns clássicos de Carlos Lyra, e as músicas dos dois discos de Claudio, entre elas, Passageiros e a inventiva Esparrela do Brasil, um “samba-esculhambação” que fala das mazelas do País de forma bem-humorada, mas com uma dose de crítica ao “jeitinho brasileiro” de resolver as coisas.

“Na verdade, Esparrela do Brasil fala da falta de autocrítica de nós brasileiros, que vamos às ruas protestar contra a corrupção e usamos carteirinha falsa para pagar meia-entrada em eventos culturais, por exemplo”, resume Claudio.

Apesar de flertar com vários gêneros nos seus dois discos, jazz, samba-rock, samba-canção, pop, o maior tributo de Claudio ainda continua sendo à bossa nova. “A preferência pelo maior gênero musical brasileiro, que colocou o País no mapa do mundo, não poderia faltar, claro, está no meu DNA”, entende ele.

Engenheiro de formação e artista independente nas horas vagas, Claudio faz trilhas sonoras para teatro e cinema para pagar as contas, pois como ele mesmo brinca: “Viver de forma autoral no Brasil não é nada fácil, temos que ter uma profissão para pagar as contas e continuar sonhando com uma carreira artística”.

Claudio fala que o show Lyra ao Vivo, que começa em São Paulo, não tem garantia de continuar, pois, segundo ele, ainda não foi vendido para nenhum outro lugar. O que é certo, além das quatro apresentações na cidade, é a participação de Carlos Lyra em um show que Claudio fará no Rio para lançamento do seu novo disco. “Estamos esperando que apareçam outros convites para que possamos mostrar nosso trabalho juntos, em outras cidades.”

Ao falar sobre a carreira do sobrinho, Carlos Lyra pondera: “Eu o considero um compositor formidável. E faz letra e música muito bem. Como cantor, ele amadureceu muito com a ajuda técnica da querida Fátima Guedes. Mas não é um cantor, assim como eu não sou. Somos compositores que cantam as próprias músicas”.

CARLOS E CLAUDIO LYRA Caixa Cultural
Praça da Sé, 111, Centro.
Tel. 3321-4400. 4ª (25) a sáb. (28), às 19h15. Grátis

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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