Mundo das Palavras

A condessa na internet

Quem escreve nem precisa criar personagens complexos, atormentados. Eles estão prontos, na internet. Basta transferi-los para o universo do texto. Como, por exemplo, Ana Carolina Oliveira, a condessa Scarpa, conhecida apenas como Carola.


Num texto postado no site do Jornal do Brasil, o conde Chiquinho Scarpa, ex-marido de Carola, é identificado como “playboy”, no dia 27 de fevereiro último. Ele reconstitui o início do relacionamento dos dois: “Quando a vi pela primeira vez, a Carola tinha uns 14 anos. Linda… Uns quatro ou cinco anos mais tarde, a reencontrei… Mas só uns dez, quinze anos depois é que nos casamos.


 


Já casada, Carola teve sua história narrada no livro “A condessa que virou princesa – Carolina de Oliveira Scarpa”, publicado pela Editora Quattro, em 1999, registra o site de vendas Estante Virtual.


 


O casamento durou apenas nove meses. Terminou com escândalo. Em 2002, o portal da Revista Isto É Gente, contou que Carola foi à tevê chamar o ex-marido de gay. O portal divulgou a reação de Chiquinho: “Não sou gay e nunca tive tendência”.


 


As novidades maiores contidas naquele texto, porém, se ligaram aos desdobramentos da separação. Chiquinho Scarpa tinha vencido Carola numa disputa na Justiça, na qual ela viu rejeitada sua pretensão de receber 100 mil reais mensais de pensão. Perdeu o direito de usar o título de condessa e até o sobrenome Scarpa. E ainda teve de desembolsar 5 mil reais para pagar seus advogados. Em reação àquelas frustrações, Carola havia tentado se candidatar à prefeita de São Paulo, pelo PMDB. Teve sua candidatura rejeitada.


 


Três anos depois, em 2003, a Revista Isto É Gente, num texto postado no portal Terra, disse que, desde o final de seu casamento, Carola “estava “desempregada e com dificuldades até para pagar uma conta de telefone”. Por isto – prosseguiu o portal – ela aceitou receber 120 mil reais para participar do reality show do SBT, Casa dos Artistas, com a missão de criar conflitos com os participantes do programa, a fim de alavancar a audiência dele.


 


O pior momento de Carola ocorreu seis anos mais tarde, em 2009, quando o próprio SBT exibiu reportagem sobre turismo sexual, no Rio Grande do Norte. Carola foi apresentada pelo repórter Fábio Diamante, com o rosto encoberto, como uma mulher “famosa, casada com playboy” que, naquele momento “ganha a vida nas ruas de Natal”, segundo o portal Notícias/Bol/UOL, num texto postado no dia 9 de abril daquele ano.


 


Mais adiante, disse o portal: “Carola afirma que chega a passar fome…na noite anterior manteve relações com um cliente por R$ 200”. Na abertura daquele texto, o portal já tinha adiantado: “A ex-mulher do playboy paulista Chiquinho Scarpa, Carola Scarpa, acaba de fazer um filme pornô que se chama (provisoriamente) “A Socialite no Pornô””.  No final do texto foi postado o vídeo da reportagem, com este convite: “Assista ao flagrante de prostituição com a ex-condessa”.


 


Durante dois anos, Carola submergiu. Finalmente, no último 27 fevereiro, o portal Último Segundo/Ig anunciou: “Carola Scarpa morre aos 40 em São Paulo. Condessa foi internada quarta-feira com parada cardíaca”. E revelou: ela era sobrinha do diretor de televisão José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, e da ex-governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius.


 


 


Oswaldo Coimbra é jornalista e pós-doutor em Jornalismo pela ECA/USP

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