Opinião

A Copa do Brasil sob ameaça

A realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil em 2014 está ameaçada. Informações divulgadas pela mídia neste final de semana demonstram grande descontentamento da Fifa com o país, que não estaria cumprindo os acordos firmados quando da escolha do Brasil quatro anos atrás. Além da desorganização e atrasos em obras importantes, pesa ainda o fato de o Governo Federal ter mudado itens importantes da Medida Provisória sobre o evento, encaminhada ao Congresso Nacional para aprovação. Desta forma, a entidade maior do futebol mundial estaria avaliando o rompimento do contrato com o Brasil até o início do próximo mês, quando ainda é possível sem multas ou ônus a ambas às partes. Até um plano B, para a realização em outro país mais preparado, já estaria em curso.


A notícia pode causar grandes problemas ao Brasil, cuja agenda está voltada à Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. De forma enviesada, como é comum por aqui, uma série de investimentos públicos e privados são canalizados para ambos os eventos. No entanto, já se sabe que importantes obras de infraestrutura não sairão do papel a tempo de estarem concluídas para os jogos. Nem os estádios de futebol, os grandes palcos dos espetáculos, estão garantidos.


O balanço mais recente do governo sobre os projetos da Copa é um retrato da triste realidade de um país em que planejamento é algo raro. Prazos indicados no documento não batem com informações das cidades-sede, e outros soam irreais diante dos problemas que as obras têm enfrentado. Autoridades que acompanham os preparativos para a Copa já falam em organizar os dias de jogos com a estrutura hoje disponível, sem contar com as novas obras.


A promessa do governo de entregar nove estádios no final de 2012 também já caiu por terra, com novos atrasos. Nos transportes, problemas e mais problemas por todos os cantos.


Nos aeroportos, o Brasil já perdeu a chance de deixar um legado. Dos 13 terminais da Copa, sete devem ter a capacidade ampliada com instalações provisórias, os puxadinhos, como ocorre em Guarulhos. Não falta dinheiro federal. São R$ 6,5 bilhões para aeroportos, R$ 8 bilhões para mobilidade urbana e R$ 400 milhões por estádio. Ou seja, precisa muito mais que dinheiro. Principalmente lisura nas relações contratuais. Algo raro no Brasil.

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