Opinião

A Copa do mundo pelo traseiro do Brasil

Muito já se falou do despreparo do Brasil para receber a Copa do Mundo de 2014. Inclusive é quase lugar comum reconhecer que o país teria outras prioridades neste momento do que gastar milhões para se preparar para a festa maior do futebol. Porém, apostando nos aspectos positivos, o governo – na ocasião sob a batuta do ex-presidente Lula – conseguiu convencer a Fifa sobre suas condições de realizar a Copa aqui.


Era de se esperar que, imediatamente, o país – mesmo que juntando os cacos – iniciasse um projeto de adequação à altura de um evento como esse. No entanto, a dois anos, falta muito para a nação recebê-lo. Que pesem os estádios estarem sendo construídos, as obras de infraestrutura urbana, as que dependem mais do governo federal, não andam.


Mesmo assim, ninguém gosta de ouvir a infeliz frase  do secretário geral da Fifa, Jérome Valcke – “o Brasil precisa levar um chute no traseiro” – sem tomar as dores do país. Afinal, não se pode admitir que um sujeito alheio ao Brasil menospreze toda a capacidade de uma nação. Mas tirando o sentimentalismo de lado, Valcke tem toda razão ao reclamar. Vejamos: as obras de infraestrutura estão engatinhando e a Lei Geral da Copa, que nada mais é do que o contrato entre Fifa e o país sede, não anda, o que deixa a direção da entidade indignada, com toda a razão, com o “jetinho brasileiro” de enrolar a negociação enquanto não consegue o que quer.


Há que se admitir que o Brasil não fará uma Copa exemplar. Fará do jeito que der. Especulações sobre a perda dos jogos para um país europeu, como a Inglaterra,não cabem nessa altura do campeonato. Apesar dos gastos exorbitantes tanto de dinheiro como de energia, a realização da Copa já é uma questão de honra para os brasileiros, por mais que eles tenham apenas que acompanhar as partidas pela televisão. 


Assim, a reação do governo brasileiro, por meio do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, não poderia ser diferente. O Brasil tem que exigir da Fifa a troca imediata do interlocutor, sob pena de ser obrigado a – mais uma vez – se curvar, de forma completamente servil, aos interesses estrangeiros.  A cada dia que passa, fica mais evidente que a Copa é da Fifa e não será do Brasil em hipótese alguma. Mas que pelo menos o país tenha seus interesses preservados.

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