O ponto de partida de um aluno daquele professor teria de ser a procura de sua “tese”. E isto iria exigir que ele observasse com atenção seus colegas. Ele poderia, por exemplo, se concentrar nas cores das roupas usadas pela turma, naquele dia. Traduzindo em números sua observação.
Digamos que ele viesse a perceber que 17 alunos portavam alguma peça de seu vestuário com cor azul. Pronto. Esta observação ligeira já renderia a ele um tópico frasal. Pois, sua dissertação poderia começar com a sustentação da seguinte “tese”: “A maioria dos meus colegas quis trazer o azul, em suas roupas, para nossa sala de aula, hoje”.
A fase seguinte seria a da coleta de dados para dar sustentação a esta sua afirmação. E também nisto ele não encontraria muita dificuldade. Bastaria, por exemplo, anotar quantas meninas, entre aqueles 17 alunos, portavam a cor azul em suas blusas, saias, calças compridas ou meias. Depois, registrar entre os meninos incluídos entre os 17 anos, quantos envergavam camisa, calça ou meias com aquela cor.
O conjunto de todos estes dados renderia varias frases no desenvolvimento daquela “tese”. Como, por exemplo: “Dos trinta alunos presentes, nada menos que 17 exibem esta cor em alguma peça de seu vestuário. Cinco alunas portam a cor azul em suas blusas, uma trouxe esta cor para a escola, em sua meia, e, outra, na saia. Quantos aos alunos, a preferência pelo azul se manifestou principalmente na escolha da calça usada por eles hoje. Cinco deles tinham nesta peça do seu vestuário a cor preponderante em sala de aula. E três, a apresentavam em suas meias”.
Montada esta estrutura básica do texto dissertativo, o aluno poderia ampliá-lo, se quisesse através de três recursos.
O primeiro: com uma pequena introdução que antecedesse imediatamente seu tópico frasal. Nela, poderia, por exemplo, indagar sobre os eventuais significados da preferência por uma cor. Faria isto com frases simples do tipo: “É possível concluir algo sobre a preferência por uma cor entre os alunos de uma escola? Esta questão poderia ser levantada por alguém que se pusesse a observar minha turma, hoje”.
Segundo: com detalhamento dos dados colhidos para a fundamentação do tópico frasal. Poderia, por exemplo, identificar um ou outro aluno, acrescentado no texto o motivo pelo qual ele havia escolhido uma peça da cor azul naquele dia, e, informações sobre a ligação mantida por ele com aquela cor.
Terceiro: com um desfecho, uma conclusão. Igualmente simples. Como: “Talvez não seja possível encontrar uma explicação para o fato de no mesmo dia a maioria dos alunos de uma turma escolher a mesma cor para compor seu vestuário. Mas, o certo é que o azul, hoje, tornou nossa aula mais amena”.
Oswaldo Coimbra é jornalista e pós-doutor em Jornalismo pela ECA/USP