Cidades

A direita que virou canhota

A última semana em Guarulhos deve ficar marcada na história da cidade e dos servidores públicos. Foi uma das maiores mobilizações já vistas por aqui em nome de uma causa. A vitória do funcionalismo público que fez a administração municipal recuar em seu intuito de enfiar goela abaixo um projeto de Regime Jurídico Único que penalizaria a categoria, mais que comemorada, deve servir como uma grande reflexão. 
 
Aqueles que antes se julgavam de esquerda, porque colocavam na lapela um broche de sindicalista ou estrelinha em defesa dos trabalhadores, foram espinafrados por outros, muitas vezes tachados de direitistas, defensores dos patrões ou coxinhas. Os servidores, independente da ideologia de cada um, foram para as ruas para defenderem aquilo que eles julgavam ser seus direitos. Acabaram se dando muito bem, porque deixaram de lado partidos, políticos ou camisas desta ou daquela agremiação. Foi o conjunto da obra que deu certo.
 
Talvez a atual administração, que se fez porque no passado defendia o contrário do que hoje se agarra, não tenha percebido que o mundo se transformou e os interesses dos trabalhadores agora são outros. Pode ser que o apego ao poder tenha colocado uma venda nos olhos de quem antes gritava contra os patrões. Tudo isso serve para demonstrar que cada pessoa se coloca em determinada condição a partir dos interesses que lhe convém naquele momento, como se suas histórias tivessem sido escritas a lápis e pudessem ser apagadas com uma borracha. Mas não é assim. 
 
Aos servidores, a clareza de que a união em torno de um objetivo faz toda a diferença. A vitória só ocorreu porque interesses pessoais foram deixados de lado em nome da vontade coletiva. Esse poderia ser, inclusive, um divisor de águas para quem está envolvido com a política. Tirar como exemplo que a política deve ser feita em nome do todo e não das partes. 
 
Chega de gente que só quer se dar bem não se importando a custas de quem e do que isso pode causar à coletividade. Essa coisa de ficar tirando uma lasquinha aqui e outra ali é um negócio para covardes que, por um instante, podem até se sair por cima. Mas, nas voltas que essa vida dá, mais dia menos dia, irá coloca-los em seus devidos lugares.  Desta vez, assistimos a direita que virou canhota. Mas também poderia ser a canhota que se endireitou. 
 

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