Opinião

A Educação começa a ficar no centro dos debates

Neste início de governos estadual e federal, um tema – que por muito tempo não mereceu a devida e necessária atenção de nossos governantes – vem sendo tratado com um respeito, que merece ser destacado. A Educação, felizmente, começa a fazer parte da pauta diária tanto do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), como da presidente Dilma Roussef (PT).


 


Na semana passada, ela – em seu primeiro pronunciamento à Nação em rede nacional – priorizou o tema Educação. Chegou a anunciar a criação de Pronatec, uma espécie de ProUni do ensino técnico, que visa incentivar as escolas particulares que oferecem cursos técnicos no Ensino Médio, a disponibilizar bolsas de estudo a alunos da rede pública. A ideia inicial, conforme reportagem publicada nesta semana pelo Guarulhos Hoje, partiu do diretor do colégio guarulhense Eniac, professor Ruy Guerios, e fez parte do plano de governo do candidato derrotado à Presidência José Serra. Independente da cor partidária, importa que bons projetos começam a sair do papel.


 


O governo federal também acena pala implantação da progressão continuada nos três primeiros anos do ensino básico, uma medida bastante controversa, já adotada no Estado de São  Paulo para os alunos dos primeiros cinco anos. Baseia-se na tese de que não adianta reprovar as crianças dentro do ciclo básico, sob a alegação de que é necessário que se dê continuidade até o final em todo esse processo de aprendizado.


 


Na quinta-feira, em uma ação inédita, o secretário estadual de Educação de São Paulo, professor Herman Voorwald, se reuniu em Guarulhos com cerca de 1.600 profissionais da área justamente para debater um novo modelo de reorganização dos ensinos fundamental e médio, incluindo a rediscussão da tal progressão continuada. O tema, apesar de defendido pelos mais diversos educadores, esbarra justamente na falta de estrutura da escola pública no Brasil.


 


Ao acabar com as reprovações ano a ano, em vez de obter resultados melhores como era de se esperar, justamente pela ausência de práticas paralelas que visem resolver questões pessoais de cada aluno, o Estado de São Paulo passou a contar com adolescentes despreparados. Diversos sistemas de avaliação demonstram que, ao final destes cinco anos, boa parte desses estudantes não sai devidamente alfabetizado. Ou seja, foi quase um tiro pela culatra.


 


Porém, ao reconhecer que existem problemas e debater a questão j com os agentes de educação da base, o Governo de São Paulo dá um importante passo para buscar soluções efetivas. Provavelmente, o Estado irá seguir o novo modelo brasileiro, que implantará a progressão continuada nos primeiros três anos, com novas formas de avaliação ao longo deste período, como forma de valorizar as particularidades de cada estudante.


 


Mas, que fique claro, nada irá melhorar se os poderes públicos não valorizarem devidamente os profissionais da educação, tanto com salários melhores mas principalmente com condições de trabalho mais condizentes com suas funções. Mas de tudo isso, o que se tira de muito positivo é exatamente esse debate que se faz sobre a Educação em nosso país. 

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