As possibilidades da cor norteando forma e conteúdo. Azuis e vermelhos trabalhados para se chegar a novos tons. O Diálogo da Cor, primeira mostra individual da pintora santista Lúcia Glaz no Rio, na Almacén Thebaldi Galeria (https:/almacengaleria.com), traz 30 telas recentes em que os pigmentos são explorados em toda a sua potencialidade, com linhas verticais e horizontes a quebrar qualquer rigidez geométrica.
Professora de geografia de 57 anos, e sem estudo formal para além de cursos livres, Lúcia vem levando a pintura como diletante desde a adolescência. Sob a inspiração de sua paisagem natal, pintou marinhas quando mais jovem. Nos últimos anos, com a iminência da aposentadoria depois de 25 anos de serviços prestados em escolas, os três filhos já adultos, passou a se dedicar mais à arte.
“Trabalho com acrílica há 20 anos. Não escolho só uma cor e não fico programando se será uma tela azul ou vermelha. Faço junção de cores, e vão surgindo outras. Não fico muito preocupada com a forma. É esse o meu prazer, não faço rascunhos, e sim o que sinto vontade na hora. Meu instrumento de trabalho são as tintas. As cores dão a própria estrutura da tela e as linhas surgem no decorrer do processo”, explica Lúcia.
“Tenho uma relação especial com a música, a inspiração muitas vezes vem por meio dela, especialmente o jazz”, diz. “Mas, ao mesmo tempo, gosto de sentir o quadro em silêncio. É como consigo absorver sua vibração”, continua, ao descrever sua rotina no ateliê santista.
Nos últimos anos, Lúcia Glaz tem participado de exposições importantes como Razão Concreta, realizada há dois anos na Galeria Berenice Arvani, em que foram expostas obras de Volpi, Geraldo de Barros, Amilcar de Castro, Luiz Sacilotto e Lothar Charoux. Na mesma galeria, no ano passado, ela realizou uma mostra individual com curadoria do colecionador Pedro Mastrobuono, diretor do Instituto Volpi. Sobre sua relação com a herança concreta, a pintora revela sua identificação com os neoconcretos, “mais flexíveis com relação à cor”.