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A Lenda de Tarzan leva o herói de volta à África

Alexander Skarsgard repete o que já dissera Imelda Staunton ao repórter, anos atrás, em Cannes. A entrevista era para falar sobre Aconteceu em Woodstock, de Ang Lee, mas Imelda, que já começara a fazer Dolores Umbridge – e permaneceria no elenco da saga de Harry Potter do quinto episódio até o último -, não se furtou a definir David Yates como uma espécie (a sort of) de gênio. Disse que ele tinha uma visão. Alex repete agora – David tem uma visão, do personagem e do cinema. “Tarzan era o herói de meu pai e ele nos transferiu esse amor. Fiquei excitado ao saber que haveria um novo filme, e que poderia estar nele.”

Mais entusiasmado ficou ao descobrir que o relato de A Lenda de Tarzan, que estreia quinta, 21, nos cinemas brasileiros, começa em Londres e que a trama leva o herói de volta à África, onde o rei da selva tem de resolver velhas questões para impedir que o emissário do rei belga Leopoldo – o Capitão Rom – tenha acesso às míticas joias de Opar, para com elas construir um exército inexpugnável, com o qual submeterá todo o Congo. A Lenda de Tarzan é – também – sobre vingança. Tarzan tem de se resolver com o meio irmão macaco e com o chefe nativo de quem ele matou o filho. A própria Jane Potter, sequestrada por Rom, antecipa o que Tarzan fará com o vilão, e você pode estar certo de que ele terá o fim que merece, mas, para o próprio Skarsgard, A Lenda é sobre outra coisa. “É sobre o retorno (à selva, ao lar).”

Choques de tempo no imaginário de Tarzan. Sucedem-se as lembranças. “Foi muito estimulante descobrir que o roteiro não era linear e que Londres vinha antes da selva, só depois sendo restituída a história primitiva.” Alexander Skarsgard encerrou no Brasil o roteiro que o levou a diversos países da Europa e da América Latina, antes de participar da pré-estreia de segunda, 18, à noite, no Caixa Belas Artes. À tarde, deu entrevistas e, no domingo à noite, jantou no Rubaiyat. Agora, liberado, permanece uma semana no Brasil. Vai à Amazônia. “O filme é uma fábula ecológica”, avalia. “E vocês, guys, sabem a importância disso, com a rain forest around the corner.” Não é tão perto assim, Skarsgaard, mas é bom discutir sobre os avanços da ganância que produzem contínuos assaltos ao pulmão do planeta.”

A Lenda constrói seu herói a partir das mãos. A mão do bebê, aninhada na da gorila, que será sua mãe. Mãos que afagam, constroem, em oposição às do vilão, que só destrói com as dele. Como o ator se preparou para o papel? “Meu pai nos iniciou (a ele e aos irmãos) no amor de Tarzan. Li os livros, vi os filmes. Johnny Weissmüller, Christopher Lambert. Depois que fui escolhido, vi documentários sobre a selva, a savana. E me preparei, fisicamente. Comi muita batata. Senti a mudança na pele, enquanto incorporava o personagem. E tinha a abordagem psicológica. Tarzan vive o conflito básico entre homem e fera, man and beast. Mas o meu Tarzan é civilizado. Sente o chamado da selva, mas não se bestializa”, e nisso difere do vilão de Christoph Waltz, o cruel Rom. A síntese dessa humanidade é a frase que Tarzan sussurra no ouvido do chefe nativo, interpretado por Djimon Hounsou.

Como um garoto sueco vira astro em Hollywood? “Sorte, eu acho, e muito trabalho.” Alexander Skarsgard ganhou projeção como um dos vampiros da série True Blood. Reconhece que A Lenda de Tarzan é, de longe, o maior e mais importante filme de que participou. Ajuda ser filho (de Stellan Skarsgard) e irmão de atores (Bill, Gustaf, Valter, Eija etc.). Reconhece que há uma nova conexão sueca em Hollywood, mas não se compara a figuras míticas, e cita o bergmaniano Max Von Sydow. Um personagem tão grande marca? “Com certeza, mas tenho o futuro pela frente para abraçar novos desafios.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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