Conforme publicado na edição de ontem, a CCR NovaDutra deve investir R$ 57 milhões somente no trecho guarulhense da rodovia Presidente Dutra, em um total de 10 obras, que vão desde intervenções simples como a modernização de passarelas como outras complexas, como a construção de uma nova pista marginal entre Cumbica e a região central. Porém, que ninguém se iluda com tamanha “boa vontade”. Os valores investidos em Guarulhos ficam perto de 15% do total que a concessionária irá gastar ao longa da estrada, entre o Rio de Janeiro e São Paulo.
Pode até parecer muito, mas não é. Por mais melhorias que foram implantadas na Dutra nestes 15 anos de concessão, a rodovia no trecho guarulhense deixa muito a desejar ainda. Muito pela omissão da empresa concessionária, mas também pela ausência de força política das administrações municipais, que nunca souberam impor condições e cobrar contrapartidas para o município. Durante bastante tempo, atribuia-se à ausência de um pedágio no trecho guarulhense tal descaso. Mas não é bem assim.
Apesar do guarulhense não pagar para usar a rodovia, o trecho que passa pelo município – sempre congestionado e com pouquíssimos acessos à cidade – vive congestionado, servindo até como uma barreira para aqueles motoristas que precisam seguir adiante. Melhorar o tráfego aqui, para a concessionária, acaba sendo um bom negócio, já que permitirá que mais veículos saiam na área metropolitana e sigam rumo a seus destinos. Com a Dutra congestionada, a rodovia Ayrton Senna acaba sendo uma alternativa natural, que acaba recolhendo boa parte do dinheiro do pedágio. Leis de mercado.
Desta forma, Guarulhos precisa deixar de lado esse complexo de inferioridade, como se devesse favores à concessionária. As dez obras são mais do que necessárias. Muitas delas vêm com anos de atraso. E não podem parar por aí. A cidade precisa de mais acessos e transposições à verdadeira rodovia urbana, que se transformou a Dutra.
Cabe ao poder público municipal, assim como os poucos representantes que a cidade tem nos legislativos estadual e federal, colocar as cartas na mesa exigir novas contrapartidas. Diante do “esquecimento” da administração passada, um novo acesso à região central, por exemplo, na pista Rio-São Paulo, na altura do Viaduto Cidade de Guarulhos, onde desembocará a pista marginal em obras, seria uma obra bastante interessante e útil a Guarulhos, que poderia ser assumida pela concessionária.