Opinião

A polícia de mãos atadas?

Uma série de acontecimentos vem colocando parte da população contra a polícia, tanto em São Paulo como em outros estados brasileiros. No ano passado, o episódio da USP, quando parte dos alunos da instituição entrou em luta contra policiais militares que tentavam coibir o uso de drogas dentro do campus, suscitou debates. Alguns defendendo a PM, outros condenando. Na semana passada, não se falou em outra coisa que não fosse a ação de reintegração de posse no Pinheirinho, em São José dos Campos.


Mais que uma discussão entre o certo e errado, virou uma guerra ideológica. Contrários ao Governo do Estado propagaram possíveis excessos cometidos pela Polícia Militar contra pessoas simples e humildes que não têm onde morar. Por outro lado, a defesa da ordem, citando que os policiais estavam apenas cumprindo uma decisão judicial. Desta forma, não demorou para aparecer insinuações de que a ocupação havia sido inflada por interesses partidários e que o crime organizado estava por trás da guerra criada ali. Neste caso, pessoas inocentes e policiais ficaram na linha de tiro dos críticos de plantão.


Neste fim de semana, mais um episódio que deixa a polícia em posição bastante desconfortável. A cantora Rita Lee, que fazia no Sergipe o último show de sua carreira, foi detida por desacato e apologia ao crime após chamar membros da Polícia Militar daquele estado de “cavalos”, “cachorros” e “filhos da p.”. A ira da cantora se deu quando ela teria visto policiais agredindo membros de seu fã-clube. Segundo a nota do governo de Sergipe, “não foi registrada nenhuma ação dos policiais que justificasse os insultos proferidos pela cantora”.


No entanto, ela estaria defendendo o direito de seus fãs de usarem drogas ilícitas durante seu show, algo mais do que reprovável. Porém, a polícia não precisaria agir com truculência, se é que agiu. Ou será que o fato de abordar jovens usando drogas, por si só, seria uma ação violenta?


Dá para perceber que a imagem da polícia encontra-se desgastada demais perante a sociedade. Talvez se cumprisse bem seu papel maior, que é banir a violência, não haveria tantas críticas a essas ações. Porém, como a polícia, não só a de São Paulo, não faz bem o feijão com arroz nas ruas, garantindo a segurança da população, dá margem para ser tão bombardeada.

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