Opinião

A todos os pais, via Nestão

Neste dia dos pais, nada melhor do que prestar aqui uma homenagem ao Ernesto Zanon. Sim. Existe um outro, o legítimo. Eu sou apenas o filho dele, que não utiliza o Junior no sobrenome. Coisa de jornalista. Desde que saí da universidade, deixei de assinar o terceiro nome, um tributo a quem sempre trabalhou para eu ser quem sou.


Ernesto Zanon tem quase 82 anos. Mora em Sorocaba. Casado com a dona Isabel há 55 anos, tem outros cinco filhos, além deste caçula. Aposentado, passa os dias cuidando do jardim e da horta no quintal. Mas destaque-se a história que ele construiu. Filho de imigrantes italianos, que vieram para o Brasil plantar café, ainda adolescente se mudou para um sítio em Sorocaba. Lá, sem grandes chances de ser alguém, quando completou seus 18 anos, foi para a capital. Morou numa pensão no bairro do Pari. Tinha dias que não sobrava dinheiro para comer.


 Conheceu a jovem Isabel na igreja Santa Rita de Cássia e logo se casou para constituir uma família. Com todo sacrifício do mundo, tornou-se um tapeceiro de mão cheia. Fazia móveis estofados e logo tinha uma pequena fábrica e uma loja. A dona Isabel se especializou em fazer cortinas. Assim, os dois criaram os seis filhos, todos seguindo os princípios éticos e cristãos.


 Já em 1978, com os negócios em baixa, para não falir e pagar os credores, Nestão – como o chamamos até hoje – vendeu o que tinha conquistado na Capital e voltou para Sorocaba. Tempos difíceis de voltar à estaca zero e começar do nada. Apesar de garantir que os seis filhos se formassem no segundo grau, Nestão nunca escondeu que gostaria que pelo menos um deles fosse para a universidade. Felizmente para ele – e para mim – este caçula foi o primeiro a realizar o sonho do velho pai, formando-se em Jornalismo, em Londrina, em 1991.Isso só foi possível porque ele soube recomeçar e se realizar numa nova profissão. Em Sorocaba, administrou uma transportadora e depois abriu uma própria.


 Hoje, com a saúde um pouco debilitada, com suas incansáveis gripes, um marcapasso no coração, controle da pressão, segue acompanhando os filhos todo santo dia. Sei que ora muito por nós e sempre se manifesta preocupado com a gente. Procuro ser um bom filho. Mas – mais até – miro no exemplo dele para também ser um pai correto. Por tudo isso, dedico ao Nestão esta coluna, transmitindo a todos os pais e filhos muita paz e felicidades.


Ernesto Zanon


 Jornalista, diretor de Redação do Grupo Mídia Guarulhos, escreve neste espaço na edição de sábado e domingo No Twitter: @ZanonJr

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