Artigos

A VERDADE SOBRE A MOBILIDADE EM GUARULHOS

Texto do leitor do GuarulhosWeb Arcelino Pimentel como contribuição para o debate sobre os gastos de dinheiro público com a mobilidade em Guarulhos

O município de Guarulhos que concentra hoje uma população de cerca de 1 milhão e 300 mil habitantes com o título de oitavo PIB do Brasil e 2º do estado de São Paulo, passa por um problema bastante prejudicial à economia em todas as escalas e a qualidade de vida da população: A grande defasagem do sistema atual de transportes municipal e intermunicipal.
O sistema de deslocamento da população encontra-se defasado, congestionado e submetido unicamente ao transporte sobre pneus.
A cidade de Guarulhos não teve competência, para desenvolver um projeto decente de transporte sobre trilhos na cidade. Enquanto o município do Recife, do mesmo porte de orçamento, sendo apenas o décimo quinto PIB do Brasil já possui um sistema desenvolvido. Ao passo que, a cidade Curitiba foi capaz de investir no projeto básico e obteve recentemente investimentos de mais de cinco bilhões do PAC 2, para construção de seu Metrô.
Guarulhos não seguiu nos mesmos trilhos, basta olhar para um dos corredores de ônibus previstos no PAC-2. O corredor Paulo Faccini ultrapassa os R$ 60 milhões por quilômetro, conforme divulgado na página do ministério do planejamento, terá um investimento de R$ 210 milhões para um trecho de apenas 3,4 quilômetros entre as avenidas Monteiro Lobato e Suplicy, no bairro Paraventi. Esse custo compara-se ao polêmico custo por km do rodoanel-sul (Grande São Paulo) aonde se chegou aos R$ 60 milhões por quilômetro. Há fortes indícios de sobrepreço ou “desvios” nesse trecho.
Se o transporte por ônibus é indicado para transportar até 15 mil pessoas por hora e por direção (15 mil pphpd)*, em Guarulhos é diferente e quando esse número aumenta, a população começa a ir de carro ao trabalho, tornando caótico o trânsito das duas rodovias que cortam o município no sentido leste-oeste. A Rod. Airton Senna encontra-se em pior situação de demanda, pois serve à zona leste da Capital e o leste de Guarulhos. Em horário de pico, o tráfego é sempre caótico.
O problema se intensifica nas regiões de Cumbica, Pimentas e Bonsucesso, as quais ainda se valem das rodovias para escoar o trânsito, não havendo, por exemplo, avenidas paralelas à Via Dutra, mais especificamente ao sul desta rodovia, que comportem um corredor de ônibus.
Outro fator determinante para a inviabilidade desse modal é o fato de ser necessário interligar grandes distâncias dentro do município de maneira alternativa à Via Dutra. Como exemplo a distância da UNIFESP na região dos PIMENTAS, ao centro e à conexão com a futura linha verde do metrô que chegará até o Bairro de Ponte Grande.
Portanto, fica claramente visível a necessidade de revertermos essa imagem dessa cidade que se compararmos, está aquém da administração do Recife, mesmo possuindo orçamentos similares e economia bem maior.

(*) Com uma demanda de 15 mil pessoas por hora por sentido (PPHPS), os ônibus já estariam superlotados, mas numa velocidade aceitável, entretanto se aumentasse a quantidade de ônibus por hora, o sistema não suportaria, fazendo cair a velocidade para menos de 15 km/h, regredindo ao caos atual. É o que ocorria no corredor 9 de julho em 2010, antes da entraga da linha 4- amarela em São Paulo.

 

Arcelino Pimentel é leitor do GuarulhosWeb

Posso ajudar?