O presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, disse que o setor não retardou a religação dos alto fornos, como tem sido comentado, e muito menos aumentou a exportação para fazer reajustes abusivos de preços. A prova disso, segundo ele, é que as entregas, a partir de julho, estão acima do registrado em janeiro, quando não havia reclamação de desabastecimento. Lopes se reuniu na tarde desta sexta-feira, 27, com o presidente Jair Bolsonaro e alguns ministros.
"Explicamos ao presidente que com a queda no consumo no período mais crítico da pandemia, a indústria foi obrigada a abafar os alto fornos e paralisar algumas unidades de produção. Mas desde julho as entregas estão maiores do que janeiro, quando não havia reclamação de desabastecimento, e as usinas voltaram a funcionar normalmente", disse após o encontro com Bolsonaro.
O representante da entidade explicou que o que acontece agora está relacionado à reposição de estoque. "Empresas que compravam mil (toneladas) para repor estoque passaram a comprar 4 mil. Mas temos atendido o mercado integralmente. Esse é o chamado bom problema. O mal problema ocorreu em abril quando operávamos com menor capacidade instalada. Dissemos ao presidente Bolsonaro que a narrativa do setor de construção civil não é adequada e que o problema do preço do aço pode estar na distribuição e não na indústria", afirmou
No ápice da crise de covid-19, a indústria brasileira do aço chegou a operar com apenas 45% de sua capacidade instalada. Segundo Lopes, os prognósticos de queda do PIB eram então sombrios não só no Brasil como na grande maioria dos países. Logo que os sinais de recuperação da demanda de aço surgiram, o setor religou seus equipamentos e reativou sua produção, para atender o retorno dos pedidos dos clientes. Segundo Lopes, a capacidade instalada da indústria chegou a 68,4% neste mês de novembro. Ainda está abaixo do ideal, de 80%, mas já significa aumento em relação ao início do ano, com no auge da pandemia.