O setor atacadista e distribuidor pode revisar para baixo a projeção de crescimento este ano diante de um aumento no pessimismo dos empresários nos últimos meses, disse o presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), José do Egito Frota Lopes Filho. Ao comentar os números do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, o executivo afirmou que o dado pode contribuir para o sentimento de cautela que já tem dominado o setor.
De acordo com Lopes Filho, no último mês algumas companhias do setor têm optado por adiar investimentos previstos para o ano. “Até pouco tempo não era possível dizer que estava ocorrendo queda de investimento, mas nos últimos trinta dias tenho ouvido em muitas conversas com os empresários que muitos estão revendo o que estava planejado”, disse à reportagem.
Por conta das mudanças, a Abad deve fazer estudos para revisar para baixo a projeção de crescimento do setor este ano, que era de 1,5%. “A nuvem negra da falta de perspectiva está começando a nos afetar”, afirma Lopes Filho. O cenário de vagas de emprego também não é positivo e algumas empresas tem reduzido postos de trabalho, diz.
O setor representado pela Abad é considerado mais resiliente nas crises porque lida sobretudo com distribuição de itens de consumo básicos, como alimentos e produtos de higiene. Lopes Filho ressalta, porém, que a redução da massa salarial e o desemprego estão afetando as vendas.
Em nota divulgada nesta sexta-feira, 29, a Abad destacou ainda insegurança e falta de confiança do trabalhador como fatores que pesam no atual cenário. “Voltamos a nos encontrar em uma já conhecida armadilha: o país não cresce porque não investe e não investe porque não tem perspectivas de crescer”, diz o texto.