A queima de sutiãs em praças públicas por feministas, nos anos de 1960, tinha um significado que ia além da expressão do desejo de libertação do uso de um acessório íntimo sentido como desconfortável. Significava, na verdade, a exteriorização do anseio de libertação dos diversos tipos de opressão social que atingiam as mulheres. Um pleito fortalecido pela vitória, então recente, sobre outra opressão, mais antiga e mais grave. A opressão criada pela ligação, encarada, durante séculos como fatalidade biológica, entre prazeres sexuais e obrigações maternais. A pílula anticoncepcional, criada naquele período, havia acabado de possibilitar à mulher a conquista de uma sexualidade plenamente exuberante, garantindo a ela, ao mesmo tempo, o direito de escolher o momento no qual quisesse se tornar mãe.
Meio século se passou desde aquela manifestação das feministas. Agora, se ocorrer nova queima de sutiãs, ela não precisará mais conter nenhum simbolismo. Será apenas o descarte de um equipamento visto não apenas como inútil. Mas também como prejudicial, caso sejam acatados os resultados dos estudos do pesquisador Jean-Denis Rouillon, da Universidade Franche-Comte, da França, recentemente divulgados. Especializado em Medicina Esportiva, Jean-Denis acaba de demonstrar que nas mulheres participantes de sua pesquisa, com idades entre 18 e 35 anos, a recusa do sutiã não só fortaleceu os seios, como provocou um crescimento médio anual de seus mamilos em sete milímetros.
Curiosamente, a divulgação desta pesquisa realizada numa universidade francesa ocorreu quase simultaneamente com a de outra, de pesquisadores de uma empresa particular britânica, a qual, por sua vez, pode libertar as mulheres de outra opressão. A criada por suas bolsas, às vezes pesadas, sempre misteriosas.
A empresa particular, como revela seu nome, é especializada numa área surpreendente, a de limpeza de banheiros públicos: Initial Washroom Hygiene. O resultado do trabalho de seus pesquisadores recebeu no Brasil a chancela do professor Maulori Cabral, do Instituto de Microbiologia da UFRJ. Coube a ele, o anúncio através da Agência Brasil, da descoberta chocante: as bolsas não são somente um estorvo, às vezes. Mas também uma cilada antes desconhecida pelas mulheres. Pois transportam no seu lado externo um viveiro de micróbios desenvolvido ali através do contato tanto com as mãos de suas usuárias como com os lugares onde as bolsas são colocadas. Um viveiro de micróbios maior do que o dos vasos sanitários.
Sem sutiãs e sem bolsas, quem sabe, as mulheres possam se sentir mais livres e mais felizes, agora.