Abel Ferreira reconheceu que tem cometido exageros em seu comportamento à beira do gramado. No entanto, o treinador criticou o exaustivo debate em torno de sua postura ao dizer que considera que foi criada uma "novela" para ofuscar o título da Supercopa do Brasil que o Palmeiras conquistou no último sábado com vitória por 4 a 3 sobre o Flamengo.
"Quando olho para isso tudo, penso assim: o brasileiro vive em um país que gosta de novelas. Que belo enredo acharam aqui para fazer uma novela para calar e esconder o grande título, e inédito, que o Palmeiras ganhou", afirmou. "Quiseram valorizar o meu comportamento em vez de valorizar a classe e categoria do grande espetáculo que houve, entre duas grandes equipes".
Ele reconheceu que "passou dos limites", segundo suas próprias palavras, à beira do campo. O treinador levou 41 cartões, sendo 35 amarelos e seis vermelhos, desde novembro de 2020, quando assumiu o Palmeiras. Em média, ele leva seis cartões para cada título conquistado. "Eu reconheço que meu comportamento passou dos limites, e por isso fui punido. Reconheço que é um processo que tenho que melhorar", admitiu.
Entretanto, o português disse não ter feito nada do que já fizeram e fazem outros técnicos e reafirmou que sua postura explosiva tem relação com o obsessão por ganhar. Ele até citou outros treinadores estrangeiros para embasar sua resposta.
"Eu já disse, estou aqui para ganhar. Eu gosto de competir. Digo para os meus jogadores que é preciso fazer o que for preciso para ganhar. E eu também faço, dentro das regras", argumentou.
""Mas não foi nada que outros treinadores já não tenham feito. Não fiz nada que o Guardiola não tenha feito, que o Klopp, Mourinho, Roger Federer, Ayrton Senna e (Alain) Prost, disputando um título e batendo um no outro", completou.
Nesta quarta, a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf) formalizou um pedido de punição para Abel no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por "comportamento inadequado" do português na decisão da Supercopa do Brasil, no sábado. Ao Estadão, o presidente da entidade, Alfredo Sampaio, afirmou que o envio do ofício tem "objetivo educativo" e de "reflexão".
O Palmeiras classificou a solicitação da Fenapaf como uma "manifestação oportunista" de uma entidade que "não tem autoridade, tampouco representatividade, para cobrar punições por atos ocorridos no campo de jogo e, portanto, passíveis de avaliação por parte da arbitragem". Também pediu à Fenapaf que "se dedique a melhorar a situação dos milhares de atletas de futebol espalhados pelo país que, lamentavelmente, não encontram condições ideais para trabalhar".