O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza, criticou os recentes acordos que o governo brasileiro firmou com a China e com o México para impulsionar o país em um ano de dificuldades econômicas. Para Pastoriza, no caso do acordo com os chineses, o interesse dos asiáticos é dar trabalho para as indústrias locais “que estão batendo lata”. “Eles agora começaram a incentivar o consumo e, ao investirem em infraestrutura aqui, é natural que eles queiram amarrar a compra de produtos chineses e garantir o emprego nas indústrias de lá”, afirmou.
O presidente da Abimaq ponderou que não há uma visão “xenófoba” em relação aos chineses. “Nós damos as boas-vindas aos investimentos chineses, mas é necessário que o Brasil tenha contrapartidas, como garantir o conteúdo local em alguns acordos”, afirmou, ressaltando que o setor não vai deixar de colocar “colher nessa sopa”.
O presidente-executivo da entidade, José Velloso, também fez criticas aos acordos e disse que antes de negociar o Brasil tinha “de ter feito a lição de casa”. “O Brasil vai continuar exportando produtos de baixo valor agregado, que geram poucos empregos, e importar bens de maior valor agregado, dando emprego para o exterior”, disse
Velloso falou ainda que a pauta de exportação nos dois casos – China e México – vai continuar sendo de exportação de bens primários e importação de manufaturados. “Todo e qualquer acordo tem de haver um equilíbrio de agregação de valor. Não podemos olhar a balança só em valores, temos de ver o quanto estamos importando e exportando de empregos”, disse.
Para Velloso, a possibilidade de empresas brasileiras se instalarem no México, conforme previsto nas negociações fechadas na terça-feira, 26, pode facilitar a comercialização para algumas empresas que usariam o país como plataforma para alcançar outros mercados. “Do ponto de vista empresarial pode ser interessante, mas não pode ser adotado como política industrial para o crescimento do País”, ponderou.