Economia

Abimaq revisa projeção de queda de faturamento em 2016 de 10% para 13%

A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) revisou a sua projeção de queda de faturamento para o ano de uma retração de 10% para 13%. Segundo o diretor de Competitividade, Economia e Estatística da entidade, Mario Bernardini, a perspectiva para o setor é muito ruim porque de um lado há queda, no ano, das vendas no mercado interno, na ordem de 50%, e de outro há a expectativa de não haver mais o efeito positivo do câmbio nas exportações, que estavam apresentando aumento.

“Agora, o Banco Central está tendo a recaída de valorizar o real ante o dólar para conter a inflação, que, junto com a política de manter juros altos, piora o cenário de uma retomada do crescimento”, disse, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, 29. “Minha previsão de agora não leva mais em conta a recuperação do volume exportado. Então, a retração de 13% é a mesma da apresentada em 2015 ante 2014. Num cenário mais otimista, podemos chegar a um recuo de 10% e num mais pessimista, numa diminuição acima de 15%”, completou.

Bernardini ainda informou que, se somadas as quedas de faturamento do setor desde 2013, o segmento vai estar reduzido a menos da metade do que era em 2013. “Isso tem dois efeitos colaterais: primeiro, as empresas não vão sobreviver com faturamento dessa grandeza e aí (o segundo ponto) alguns elos da cadeia desaparecerão, como alguns fornecedores”, ressaltou.

Conforme a Abimaq, a receita líquida total do setor industrial de máquinas e equipamentos fechou o mês de maio em R$ 5,523 bilhões. O resultado é 4,1% maior do que o montante registrado em abril. Na comparação com maio de 2015, entretanto, há uma queda de 28,8%. No acumulado do ano até maio, a receita líquida total do setor caiu 30,7%, para R$ 27,129 bilhões ante o mesmo período do ano passado.

A melhora do faturamento na comparação de maio ante abril ocorreu em função da alta das exportações, explicou Bernardini. Mas a apreciação do real ocorrida neste ano anulou, praticamente, todos os ganhos de competitividade dos produtos nacionais. E, por isso, há dúvidas se o câmbio inferior a R$ 3,50 sustentará o aumento do volume exportado nos próximos meses, o que prejudicará o desempenho do faturamento do setor no ano.

Ainda de acordo com o executivo, as altas taxas de ociosidade observadas em todos os setores da indústria da transformação colocam como incerta a retomada dos investimentos no curto prazo. Além disso, as incertezas políticas combinadas com a política econômica recessiva, onde o custo do capital é incompatível com o retorno dos investimentos, tem inviabilizado qualquer decisão de investimento no País.

Para Bernardini, preocupa também que, neste ano, o Brasil terá uma Formação Bruta de Capital Fixo entre 16% e 17% do PIB, porcentual que só reforça uma nova retração forte da economia brasileira. “Para se garantir crescimento acima de 2% ao ano, esse porcentual tem que estar em 25%”, calculou. “No atual cenário, lamentavelmente, o governo escolheu o real apreciado e juro alto, itens que foram usados nos nove anos do governo Lula e que fez o estrago que fez”, ressaltou.

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