Os americanos vão às urnas nesta terça, 8, para renovar todos os 435 deputados – com mandato de dois anos – e 35 dos 100 senadores, além de 39 governadores e centenas de cargos locais. As eleições de meio de mandato são sempre um desafio para o presidente americano, eleito dois anos antes. E, desta vez, o roteiro será o mesmo. Os democratas devem perder a maioria na Câmara e no Senado, segundo pesquisas. Para tentar evitar um desastre maior, eles apostam em uma arma nada secreta: o aborto.
O maior problema dos democratas é a baixa popularidade do presidente. Até 26 junho, quando a Suprema Corte dos EUA devolveu aos Estados o direito de legislar sobre o aborto, a popularidade de Joe Biden estava em queda. A decisão da maioria de juízes conservadores, porém, deu aos democratas uma ponta de esperança.
Como o voto não é obrigatório nos EUA, muitos eleitores precisam de motivação para votar. Assim, os democratas viram no aborto um tema capaz de mobilizar sua base e o assunto entrou na campanha de muitos candidatos.
<b>Sondagens</b>
Pesquisas indicam que 53% dos americanos reprovam o governo de Biden. Por isso, embora o aborto não seja a questão mais importante na mente dos eleitores, ela poderia ser a tábua de salvação do partido na briga por manter a maioria no Congresso.
Segundo pesquisa Gallup, de maio, 27% dos americanos só votariam em um candidato que compartilhasse suas opiniões sobre o aborto. Mas uma sondagem do Pew Research Center, depois da decisão da Suprema Corte, indicou que 57% eram contrários à decisão de deixar o tema por conta dos Estados.
"Nos EUA, onde há uma ênfase histórica na liberdade e nos limites da intromissão do governo na liberdade de religião e de expressão, é difícil defender que o Estado deve se meter em uma decisão pessoal e individual", disse a professora de política e gestão de saúde da Universidade de Michigan, Paula Lantz.
De olho nesses eleitores, os democratas investiram pesado em propaganda sobre o aborto. Eles gastaram US$ 31,9 milhões, quase oito vezes mais do que os republicanos, segundo dados da AdImpact, empresa de rastreamento de mídia.
<b>Michigan</b>
Em alguns Estados, como Michigan, leis do início do século 20 voltaram a vigorar desde a decisão da Suprema Corte. Apesar de a disputa pelo governo estadual estar entre duas mulheres, a democrata Gretchen Whitmer e a republicana Tudor Dixon, os eleitores também votarão em um plebiscito para decidir se a lei de 1931, que proíbe totalmente o aborto, deve ser inserida na Constituição do Estado.
O aborto só era legal no Estado porque a lei de 1931 havia perdido a validade em razão do caso Roe v Wade, decisão da Suprema Corte que tornou o aborto legal em todo o território americano, em 1973. Após a reversão, e sem uma emenda à Constituição estadual, a lei pode voltar a valer e proibir o aborto em quase todos os casos, incluindo estupro.
<b>Jovens</b>
O aborto pode ampliar a participação, principalmente de jovens. "Esta questão levará muitas pessoas às urnas. As previsões em Michigan indicam que haverá uma participação muito alta, tanto de republicanos quanto de democratas", disse Lantz.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>