Com o bloqueio nas rodovias também ao tráfego de veículos com cargas perecíveis e animais vivos, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) já registra a paralisação de cinco plantas produtoras de aves e suínos. Se o movimento continuar, mais unidades fabris devem parar. “As plantas começaram com a suspensão de abates em alguns turnos e, no decorrer do dia, tivemos reportes de associados que fecharam totalmente. Até amanhã (23), esperamos que cerca de 20 plantas estejam paralisadas”, disse ao Broadcast Agro, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, o vice-presidente de mercados da ABPA, Ricardo Santin. Desde segunda-feira (21), os motoristas autônomos protestam nas estradas contra o reajuste nos preços do óleo diesel.
Sem revelar os nomes das companhias que interromperam suas operações e os municípios em que as plantas estão instaladas, Santin afirmou que as unidades estão concentradas nas regiões Sul e Sudeste, principalmente nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Segundo o executivo, as causas das paralisações são a ausência de caminhões para transportar os animais das granjas para as unidades fabris, os produtos processados e os insumos para ração até as granjas.
A Cooperativa Central Aurora Alimentos foi a primeira grande unidade produtiva a informar, em nota, que as atividades das indústrias de processamento de aves e suínos em Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul (inicialmente) estarão totalmente paralisadas nesta quinta (24) e sexta-feira (25), “em consequência da greve que atinge o setor de transportes nas regiões onde estão instaladas as suas unidades produtivas”.
“Existem mais de 200 pontos de interdição ao tráfego pelo Brasil, alguns (manifestantes) seguem a orientação das entidades oficiais e liberam o transporte de cargas vivas, outros não”, ressaltou o executivo da ABPA.
A concessionária Caminhos do Paraná informou ao Broadcast Agro que os caminhoneiros impedem a passagem de todo tipo de carga em três pontos das estradas que fazem parte da concessão. Os bloqueios estão na BR-277, no km 339, em Guarapuava, na BR-373, altura do km 247, em Guamiranga, e no km 264, em Prudentópolis. Ainda no Paraná, a concessionária Ecovia afirmou que nos km 6 e 66 da BR-277, rodovia que dá acesso ao porto de Paranaguá, são autorizados a seguir apenas ônibus e veículos leves. Na mesma linha, a concessionária Arteris Litoral Sul informou, pelo Twitter, que havia manifestação com bloqueio a todos os tipos de cargas no km 625 da BR-376, em São José dos Pinhais (PR), e no km 25 da pista BR-101 em Joinville (SC), sentido Curitiba.
Diante deste cenário, a ABPA afirmou que está em contato com integrantes da Casa Civil, da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA) e dos governos, no intuito de minimizar os danos ao setor. Nesta tarde, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, anunciou que a Cide do diesel será zerada como resposta ao pleito dos motoristas, porém, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) solicitou a continuidade dos protestos até que haja um posicionamento efetivo do governo.