A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) deve realizar este ano uma campanha para o uso racional de energia, a exemplo do que já ocorreu em crises energéticas anteriores, informou ao <i>Broadcast</i> (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o presidente da entidade, Marcos Madureira. As conversas já começaram com o Ministério de Minas e Energia (MME) e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e a decisão será tomada nos próximos dias.
A ideia é tentar reduzir o consumo no segundo semestre do ano, quando a crise irá se aprofundar. "Nesse momento estamos conversando com MME e Aneel sobre as formas que nós podemos atuar, uma forma mais educativa, é o que estamos discutindo", antecipou.
Ele observou que, até o momento, o governo tem cuidado da crise hídrica do ponto de vista da oferta, mas a questão da demanda também está na agenda, como o deslocamento do consumo de grandes consumidores do horário de pico, quando o insumo é mais caro. Para atingir os pequenos consumidores, além da bandeira tarifária, é possível que seja feita uma campanha aos moldes de 2017, quando Ivete Sangalo foi estrela.
"Da parte de consumo, que afeta mais diretamente as distribuidoras, até esse momento a gente teve apenas algumas interações. A gente está começando a discutir a possibilidade de fazer uma maior divulgação dessa questão do uso racional de energia, sempre importante, mas se faz ainda mais importante em um momento como esse", explica Madureira. "Ainda estamos verificando as ações de comunicação", completou.
O impacto econômico que uma eventual redução de consumo teria para as distribuidoras ainda não foi calculado, mas, de acordo com o executivo, o principal é garantir o abastecimento.
O Operador Nacional do Sistema (ONS) vem alertando que a pior crise hídrica dos últimos 91 anos no País pode afetar o abastecimento no segundo semestre, apesar de afastar o risco de racionamento, o que é questionado por especialistas. Os principais reservatórios das usinas hidrelétricas estão com níveis baixos de armazenamento de água, e, para poupá-los, mais usinas térmicas estão sendo despachadas, o que encarece a operação.
Em junho do ano passado, os reservatórios das hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste estavam 55% cheios, contra 32% este ano. Segundo o ONS, pelo menos oito hidrelétricas chegarão com reservatórios vazios ao final do período seco (outubro/novembro).
Madureira destaca que a situação do Brasil este ano é melhor do que nas crises hídricas passadas, devido à maior diversidade de fontes, mas a redução da demanda ajudaria a atravessar o período seco com um pouco mais de segurança. "A fonte fundamental continua sendo a hidroeletricidade, e quando você tem um problema como o que está ocorrendo, isso traz preocupação, o que a gente tem visto até o momento são ações voltadas a verificar a questão da oferta, e ajustes que tem que ser feitos também da parte de consumo", observa.