Cidades

Absurdo 1,3 milhão de habitantes serem paralisados por causa de um templo, diz vereador

Geraldo Celestino esclarece que não tem nada contra a Igreja Mundial nem contra qualquer religião

O vereador Geraldo Celestino (PSDB) esteve nesta quarta-feira na redação do HOJE e falou sobre a questão que vem movimentando a opinião pública; a inauguração do mega templo da Cidade Mundial, da Igreja Mundial do Poder de Deus, em Cumbica. Celestino entrou na Justiça com pedido de interdição do templo e a cassação do alvará de funcionamento do local na última terça-feira, dia 17, e aguarda um parecer. Celestino reafirmou que o caso não é de "guerra santa" e que não quer que a Cidade Mundial saia de Guarulhos. Segundo o vereador, é preciso uma readequação no local para que os problemas gerados à população local não ocorram mais.

HOJE- Após todos acontecimentos envolvendo a Igreja Mundial em Guarulhos, alguns dizem que existe uma "guerra santa". O que o senhor diz sobre isso?

Geraldo Celestino – Não quero entrar em confronto com a Igreja Mundial, não é minha intenção. Não existe isso de Guerra Santa. Existe sim, uma questão técnica. Eu sou presidente da comissão de Obras e Serviços Públicos da Câmara e alguém tinha que fazer alguma coisa sobre os problemas causados pelo templo na cidade. É um absurdo uma cidade com 1,3 milhão de habitantes ser paralisada por causa de um templo. Tanto faz se é evangélico, católico, espírita etc. Isso é uma total irresponsabilidade. Ainda mais com o maior aeroporto da América Latina logo ao lado.

Como o senhor analisa o prefeito Sebastião Almeida entregando um alvará de funcionamento para 30 mil pessoas e presenciando que no local tinha muito mais pessoas?

Celestino – Foi um absurdo aquilo. O prefeito abraçando o apóstolo, dando a chave da cidade. Isso me lembra a época do coronelismo onde não existia lei. Tinha muito mais que 30 mil pessoas naquele dia e, mesmo assim, o prefeito concordou com o desrespeito. Aquilo foi uma atitude irresponsável onde uma tragédia poderia ter acontecido.

O senhor chegou a ser aconselhado para não ir contra os interesses da Igreja Mundial?

Celestino – Muitos me perguntaram se eu iria comprar guerra com a igreja. Eu não comprei guerra. Eu defendi a minha cidade. Eu mostrei que tenho independência.

Um ano eleitoral facilita este tipo de atitude?

Celestino – Eu, como vereador, tomo decisões técnicas. Independente de ano eleitoral. Eu não faço demagogia. Quando eu embarguei o shopping na Vila Fátima, foi eleitoreiro? Eu fui excomungado naquele episódio. A casa dos Saraceni? Estou sendo processado até hoje. Eu posso errar, mas não me omito. No caso da Cidade Mundial eu tive a coragem e peitei. Estou de consciência tranquila que fiz a coisa certa.

No dia da inauguração, o governador Geraldo Alckim, do seu partido, estava presente. O que o senhor diz sobre isso?

Celestino – O governador tinha que estar ali mesmo. Ele é governador do Estado e de todos. Ele veio como convidado e não tinha conhecimento dos pareceres técnicos, e ali não tinha condições da quantidade de gente que tinha. A postura dele (Alckimim) foi correta. Tinha que vir prestigiar. Agora, se dependesse do governador a emissão do alvará, não sei se teria dado como foi dado tão fácil pelo prefeito Almeida.

O governador ou mesmo o presidente do seu partido em Guarulhos, Carlos Roberto, pediram ao senhor que desistisse da ação contra a Mundial?

Celestino – Não. Eu conversei com a assessoria do governador que me pediu para que analisasse uma reorganização estrutural da Igreja. E é isso que eu quero. Não quero que a Cidade Mundial saia daqui. Eu quero que ela fique, mas que não atrapalhe o direito de ir e vir do guarulhense. Quanto ao Carlos Roberto, conversei com ele também, mas ele não exerce cargo público. Se ele interviesse diriam que seria uma atitude eleitoreira. O Carlos Roberto não deve e nem pode se envolver. Eu sou o vereador, eu exerço cargo público e a atitude tinha de ser minha.

O senhor tomou conhecimento de todos os ataques feitos pelo "apóstolo" em relação a sua pessoa?

Celestino – Tive conhecimento de todos os ataques e vou desconsiderar. Peço que Deus o ajude porque é um ataque de uma pessoa descontrolada e irresponsável. Eu estou defendendo minha cidade. Estou defendendo milhares de pessoas e de filhos de Deus também. Todos nós somos filhos de Deus. Quantas pessoas foram prejudicadas pela obra do apóstolo? Muito mais que os fiéis dele. e pode falar o que quiser de mim que eu não vou para o ataque.

O senhor sai fortalecido desse situação toda?

Celestino – Não parei para pensar ainda. Posso dizer que saio fortalecido com minha própria consciência. Minha intenção não foi prejudicar os fiéis e nem o "apóstolo". Posso dizer que tenho recebido muitos apoios, inclusive de evangélicos. Se sairei fortalecido politicamente? Isso veremos na eleição.

Para terminar vereador, o senhor tem alguma religião?

Celestino – Sim, sou católico. Tenho algumas irmãs evangélicas e minha mãe também é evangélica. Todas me apoiaram.

Posso ajudar?