Promover a música de compositores brasileiros é uma das missões da Academia Brasileira de Música, criada em 1945 por Heitor Villa-Lobos. O Banco de Partituras da instituição foi criado em 1980. E, sob a gestão do compositor João Guilherme Ripper, foram criadas as Edições ABM.
"As edições têm um viés mais prático, de fornecer partituras prontas para serem apresentadas pelas orquestras", explica Ripper. Foi nesse contexto que surgiu o projeto em torno da ópera O Contractador de Diamantes, de Mignone, ou da edição da ópera Yerma, de Villa-Lobos.
O compositor também é fruto de uma parceria entre a ABM e a Max Eschig, editora francesa de suas obras. "Muitas das partituras estão editadas ainda no fac-símile dos manuscritos. Estamos revisando e preparando edições, no formato da Max Eschig, mas ficando com o direito das obras na América Latina", explica Ripper.
No acordo com a Max Eschig, além da ópera Yerma, estão previstas edições de obras como os Choros nº 6, nº 7 e nº 10, Alvorada na Floresta Tropical, Bachiana Brasileira nº 9, Momoprecoce, Concerto para violão, Concerto para harpa e Rudepoema.
A Academia Brasileira de Música também realizou a edição de A Floresta do Amazonas, e a partitura seria usada em uma série de concertos na Europa, com regência da maestrina Simone Menezes, acompanhados de projeções de fotos de Sebastião Salgado. "O problema é que, durante a pandemia, pelo limite na quantidade de músicos no palco, a obra não podia ser feita. Então encomendamos uma versão de câmara para o maestro Abel Rocha e, com isso, os concertos poderão acontecer."
<b>Transcrição</b>
Sobre A Floresta do Amazonas, foi feita recentemente uma descoberta por outra instituição, o Instituto Piano Brasileiro, dirigido por Alexandre Dias. Ele encontrou, no Museu Villa-Lobos, uma redução para piano solo de praticamente toda a obra, feita pelo próprio compositor (ficou de fora apenas a Melodia Sentimental, uma das canções que integra a partitura, que nasceu como trilha para o filme Green Mansions, protagonizado pela atriz Audrey Hepburn).
A versão para piano solo de outra das canções do ciclo, A canção do amor, foi agora gravada pela pianista Lucia Barrenechea no Instituto Villa-Lobos da UniRio e disponibilizada nas redes sociais do Instituto Piano Brasileiro na série Por dentro das partituras, em que é possível ouvir a peça e acompanhar o manuscrito original.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>