Uma operação com mais de 820 agentes da Polícia Federal, deflagrada nesta segunda-feira, 4, em cinco Estados, prendeu 75 pessoas acusadas de integrar uma rede internacional de distribuição de cocaína. O esquema tinha a capital paulista como principal entreposto e funcionava mediante pagamento de “pedágios” ao Primeiro Comando da Capital (PCC), atuando em ao menos dez países. Entre os presos estão 28 funcionários do Porto de Santos, usado para o escoamento de drogas, que eram aliciados para colaborar com os traficantes.
O esquema vinha sendo investigado havia um ano, com informações repassadas à PF pelo DEA, o departamento de repressão às drogas dos Estados Unidos. Neste período, as investigações da PF repassaram informações a forças policiais de Espanha, Itália, Inglaterra, França e Bélgica, e resultaram em 16 apreensões de cocaína que somaram seis toneladas de entorpecentes. Na Europa, o quilo da cocaína era vendido por cerca de US$ 25 mil (R$ 80 mil).
Os compradores, que distribuíam a droga no continente, eram da Sérvia – dois sérvios foram presos na operação desta segunda.
Segundo o delegado Rodrigo da Costa, “as células da organização agiam de forma independente, horizontal, sem hierarquia, entrando em consórcios a cada operação”. Havia grupos encarregados da droga na Colômbia, no Peru e na Bolívia, trazendo a mercadoria ora de aviões ou helicóptero, ora por carros e caminhões.
Outros grupos estocavam a droga na capital paulista até viabilizar a entrada em navios no porto. E havia ainda encarregados do transporte final, entre a capital e o litoral. “Todos os presos agiam entre São Paulo e o litoral”, afirma o delegado Agnaldo Mendonça Alves, outro dos encarregados do caso.
Em Santos, além do uso de funcionários cooptados, outra forma de fazer a droga entrar nos navios era içando os sacos de cocaína diretamente nos barcos, utilizando navios menores como base. Para isso, usavam estrangeiros. “Prendemos quatro filipinos há algumas semanas agindo assim”, disse Alves. Em outra ação, há cerca de um mês, houve um tiroteio que terminou com quatro mortos.
Recursos
Como eram quase independentes, os integrantes da cada célula não tinham formas muito articuladas de esconder os bens adquiridos por meio do esquema, ainda segundo a Polícia Federal. Na operação, os agentes pediram à Justiça a apreensão de cerca de 100 automóveis e de 40 imóveis de luxo na capital paulista e no litoral, que seriam fruto do tráfico internacional – um deles avaliado em R$ 7 milhões. Entre os carros apreendidos, há marcas importadas como Porsche, BMW, Mercedes-Benz e Audi. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.