Saúde

“Achei que nunca aconteceria comigo”, diz guarulhense de 38 anos que superou o coronavírus

Bancária, jovem e sem histórico de doenças, ela precisou ficar em uma UTI antes de ficar curada da Covid-19. Ao GuarulhosWeb, garantiu que não pensou no pior em nenhum momento

“Não adianta pensar que estamos imunes. Eu achei que nunca aconteceria comigo. Mas o vírus está mais perto do que se imagina”. A frase é de Janaína* (nome fictício), uma bancária de apenas 38 anos, moradora de Guarulhos, e que somente na última sexta-feira, 3/04 – dia em que o GuarulhosWeb a entrevistou, por telefone –, se disse 100% livre de todos os sintomas da Covid-19, doença que assombra o mundo e que ela não desconfia como contraiu.

“Não faço ideia. No trabalho eu não tenho contato com público. Não viajei e nem tive contato com quem viajou. Pode ter sido em qualquer lugar”, afirmou.

Gripe forte e o susto depois de uma semana

Na madrugada de sábado para domingo (15 para 16/03), Janaína* se incomodou com os sintomas de uma gripe forte. A febre e as dores no corpo (principalmente nas costas, na altura dos pulmões) levaram-na ao hospital. “Fizeram exames e o raio-x detectou uma pneumonia. Tirei licença do trabalho e fiquei em casa, tomando remédio. Depois de cinco dias, no sábado à noite, voltei a ficar ruim, com dificuldade para respirar e um cansaço fora do normal”, explicou.

No dia seguinte, ela piorou. E, na segunda-feira, 23/03, voltou ao hospital, onde uma tomografia detectou coronavírus. “Com os dois pulmões debilitados, fui imediatamente isolada e internada na UTI”. Foi o período de pior medo, segundo a guarulhense. No entanto, ela garante que não pensou no pior. “Estava bem atendida. Respirava sozinha e não precisei ser entubada. Os médicos diziam o tempo todo para eu manter a calma, pois outros pacientes com Covid-19 haviam sido curados”, lembrou.

Janaína* não faz parte do chamado grupo de risco, que inclui idosos, pessoas com doenças crônicas, como diabetes, respiratórias ou do coração. “Eu tinha certeza de que sairia de lá. Não pensei que fosse morrer. Tive o apoio de amigos e familiares e pensei sempre muito em Deus. Isso me deu forças”, disse.

Seu marido e seu filho adolescente, mesmo assintomáticos, ficaram isolados em casa. “Ainda continuamos em quarentena. No período em que ela ficou no hospital, nós estávamos fisicamente bem, mas emocionalmente muito abalados. Mas não podíamos cair. Precisávamos mostrar que em casa ficaríamos esperando por ela”, ponderou Gilberto* (nome fictício).

Sintomas

Saudável, Janaína* diz que a dificuldade para respirar era algo desesperador. “Qualquer esforço cansava demais. Coisas simples, como me alimentar ou tomar banho. Parecia que eu tinha feito 5 horas de exercícios. E a dor no peito era muito forte. É algo que nunca havia sentido”, lembrou.

Desde o primeiro sintoma de gripe, no dia 15/03, apenas no dia 3/04 ela afirmou ter retomado totalmente o olfato e eliminado qualquer resquício da doença, como a coriza e a irritação na garganta.

Lições da pandemia

Tanto Janaína* quanto Gilberto* se mostram defensores do isolamento social, medida considerada a única com eficácia de prevenção pelas autoridades sanitárias. “Não se pode arriscar a própria saúde e a das outras pessoas. Sou totalmente favorável ao isolamento. Não adianta pensar que estamos imunes. Eu achei que nunca aconteceria comigo. Mas o vírus está mais perto do que se imagina”, disse a bancária.

Ele concorda e vai além. “Acho que toda essa crise mundial deixará marcas para sempre. Nunca mais vamos consumir da mesma forma. O comportamento de todos já mudou. Além disso, teremos olhos de respeito com profissões que usualmente não valorizamos, como os lixeiros, os entregadores, os profissionais de saúde, os caixas dos supermercados”, pontuou.

Esperança

Janaína* fez questão de deixar uma mensagem de esperança no fim da entrevista. “Aqui em casa estamos nos informando o suficiente. Mas evitando o alarmismo. Se por um lado o perigo de contaminação é real, por outro, o lado bom é que há esperança de cura. O número de pessoas curadas também tem crescido. Não só o de contaminados”, apontou.

“Se acontecer com você ou com algum conhecido, mantenha a fé em Deus, confie nos médicos e pense sempre positivo. É preciso acreditar na cura. Essa é a lição que levo para a minha vida”.

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