A Justiça suíça está próxima de fechar um acordo de leniência com a Odebrecht e, segundo fontes envolvidas na negociação, o valor discutido poderia chegar a US$ 200 milhões. O pagamento faria parte do pacote de entendimentos que a construtora brasileira vem costurando com americanos e brasileiros, que supera, possivelmente, a marca de US$ 2 bilhões. Se confirmado o acordo, a empresa terá de pagar aos suíços uma das maiores multas já aplicadas pelo país europeu.
Fontes de alto escalão envolvidas no processo confirmaram à reportagem que a assinatura simultânea do acordo pode ser feito ainda nesta semana, entre esta quinta-feira, dia 1,º e sexta, 2. Os últimos obstáculos, porém, estavam sendo registrados nos EUA, com o Departamento de Justiça – e estariam sendo superados.
Nesta quinta-feira, executivos da empreiteira estão a caminho de Brasília e Curitiba onde deverão cumprir formalidades para o acordo de leniência da empresa e o início das assinaturas das delações premiadas.
Oficialmente, o Ministério Público da Suíça se recusa a comentar o caso e confirmar valores. “O Escritório do Procurador-Geral da Suíça comentará sobre isso em seu devido momento”, afirmou o MP, em e-mail à reportagem.
Na Suíça, desde 2014, cerca de 60 processos criminais ligado à Operação Lava Jato foram abertos. No total, 42 bancos estão envolvidos e mais de mil contas bloqueadas. Parte substancial desse volume de casos se refere à Odebrecht que movimentou pelo menos US$ 211 milhões em pagamentos suspeitos.
Para encerrar os casos e transferir os dossiês ao Brasil, a Odebrecht negocia pagar mais de cinco vezes o que o banco HSBC acertou, no ano passado, com a procuradoria de Genebra depois do escândalo envolvendo a divulgação de centenas de nomes de seus clientes e o papel do banco em facilitar lavagem de dinheiro.
Os suíços tiveram papel central em parte da investigação relativa à empresa. Foi em Genebra que a polícia deteve Fernando Migliaccio, um dos responsáveis na Odebrecht pelo pagamento de propinas. Também na Suíça quatro empresas de fachada haviam sido criadas para controlar contas que serviam como uma rede de pagamento de corrupção e abastecimento de campanhas eleitorais na América do Sul e na América Central. Entre as suspeitas estão campanhas no Brasil, Peru e Panamá.
Por quase um ano, a Odebrecht tentou evitar que os dados fossem transferidos ao Brasil, apresentando recursos na Justiça suíça. Mas, em outubro, o Tribunal Superior do país decretou que a colaboração era legal e que cerca de 2 mil páginas de extratos bancários e documentos envolvendo a Odebrecht fossem enviados ao Brasil.