Estadão

Acordo com Rússia prevê ajuda militar imediata em guerra, diz Coreia do Norte

O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que o tratado de parceria estratégica assinado com a Coreia do Norte na quarta-feira, 19, durante encontro com o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, em Pyongyang, inclui um pacto de assistência mútua em caso de agressão, uma mensagem clara para as potências ocidentais.

"O tratado de parceria abrangente assinado hoje (quarta) prevê, entre outras coisas, a assistência mútua em caso de agressão contra uma das parte do tratado", disse Putin em Pyongyang. Ele disse que o acordo é "um documento verdadeiramente revolucionário", e que a Rússia "não descarta a cooperação técnico-militar" com a Coreia do Norte.

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, prometeu total apoio à guerra da Rússia na Ucrânia antes de iniciar uma reunião individual com Putin em uma tentativa de expandir sua cooperação econômica e militar e mostrar uma frente unida contra Washington.

Ainda antes da cúpula, Putin agradeceu Kim pelo apoio na Ucrânia e disse que os dois países assinariam um acordo para impulsionar sua parceria enquanto ambos "lutam contra as políticas hegemônicas imperialistas dos EUA e seus satélites contra a Federação Russa".

"Hoje (quarta) está pronto um novo documento fundamental que estabelecerá as bases para nossas relações de longo prazo", disse Putin, acrescentando que os dois países "fizeram grandes progressos" no fortalecimento de suas relações bilaterais. Putin também convidou Kim a visitar Moscou. A visita anterior de Putin ao país comunista secreto data de 2000.

A visita de Putin ocorre em meio a preocupações crescentes sobre um acordo de armas no qual a Coreia do Norte fornece à Rússia munições necessárias para alimentar a guerra de Moscou na Ucrânia, em troca de assistência econômica e transferências de tecnologia que poderiam aumentar a ameaça representada pelo programa de armas nucleares e mísseis de Kim.

A Coreia do Norte está sob pesadas sanções do Conselho de Segurança da ONU devido a seu programa de armas, enquanto a Rússia também enfrenta sanções dos Estados Unidos e de seus parceiros ocidentais por sua invasão na Ucrânia. Putin viaja nesta quarta-feira à noite para o Vietnã.

Putin saudou os laços que remontam ao exército soviético lutando contra o exército japonês na Península Coreana nos momentos finais da 2ª Guerra Mundial e o apoio de Moscou a Pyongyang durante a Guerra da Coreia.

Kim disse que as relações entre Moscou e Pyongyang estão agora ainda mais próximas do que nos tempos soviéticos e chamou a visita de Putin de uma oportunidade para solidificar sua "amizade ardente".

Kim prometeu o "total apoio e solidariedade de seu país ao governo, ao exército e ao povo russo na realização da operação militar especial na Ucrânia para proteger a soberania, os interesses de segurança e a integridade territorial". Não ficou claro como seria esse apoio.

O ditador norte-coreano usou uma linguagem semelhante no passado, dizendo constantemente que a Coreia do Norte apoia "uma ação justa para proteger os interesses da Rússia" e culpando a crise pela "política hegemônica" do Ocidente liderada pelos EUA. Ele também elogiou o "importante papel e a missão da Rússia na preservação da estabilidade estratégica e do equilíbrio no mundo". (Com agências internacionais)

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