Estadão

Acordo com São Paulo põe Palmeiras mandante no Morumbi com torcida após 16 anos

Sem o Allianz Parque à disposição, o Palmeiras fez um acordo com o São Paulo para jogar no Morumbi, onde enfrentará o Santos neste sábado, às 18h30, pela sexta rodada do Paulistão. O time alviverde voltará a atuar no estádio do rival como mandante em um duelo com torcida após 16 anos. Em 2020, venceu o Santos por 2 a 1 no campo são-paulino, mas aquele clássico não teve público em razão das medidas restritivas impostas pela pandemia.

A última vez em que o Palmeiras mandou uma partida no estádio do São Paulo com presença de público foi em 23 de setembro de 2007. Na ocasião, ganhou do Corinthians por 1 a 0 pelo Brasileirão daquele ano. O time era comandado por Caio Júnior, morto no acidente de avião que levava o elenco da Chapecoense à Colômbia para disputar a decisão da Copa Sul-Americana, em novembro de 2016.

A escolha pelo Morumbi, palco de clássicos históricos no final dos anos 1990, faz parte de um acordo que o Palmeiras acertou com o São Paulo que permite que um utilize o estádio do outro.

Os clubes se aproximaram graças à relação cordial que Leila Pereira e Julio Casares mantêm, interrompendo um período de brigas, desentendimentos e provocações, sobretudo nas gestões de Carlos Miguel Aidar, do São Paulo, e Paulo Nobre, do Palmeiras.

Os dois dirigentes veem o futebol de modo semelhante, como um produto, e têm interesses parecidos. Por isso, os clubes se reaproximaram e agora dividem os seus estádios. O acordo prevê que o Palmeiras, depois de usar o Morumbi, empreste o Allianz Parque para o São Paulo, que não terá o seu estádio nos dias 10, 11, 13, 14, 17 e 18 de março devido aos seis shows da banda britânica Coldplay. Nestas datas estão previstas as quartas de final e as semifinais do Campeonato Paulista.

O Pacaembu, histórico estádio paulistano, continua em reforma e só deve ser reinaugurado em janeiro de 2024. A solução, assim, para São Paulo e Palmeiras, passou a ser encontrar um entendimento para que cada um use o estádio do rival quando necessário.

Os presidentes dos dois clubes avaliam que vão ganhar mais dinheiro com bilheteria mandando seus jogos na casa do rival do que, por exemplo, na Arena Barueri, que fica longe da região central da capital e apresenta problemas de deslocamento para os torcedores e de estrutura.

O Canindé, onde o Palmeiras decidiu o título da Copa São Paulo de Juniores, não pode ser alugado porque a Portuguesa deu exclusividade ao próprio Santos a partir da parceria que os dois acertaram durante a modernização da Vila Belmiro. Jogar fora da capital paulista também não foi cogitado.

O Morumbi comporta pouco mais de 60 mil torcedores e o Allianz Parque, aproximadamente 42 mil. A WTorre confirmou ao <b>Estadão</b> que foi consultada sobre o acordo, que não envolve pagamento de taxas. Responsável pela construção do estádio, a empreiteira tem o direito de explorar a arena palmeirense por 30 anos desde a inauguração, isto é, até 2044.

Palmeiras e Corinthians usaram muito o Morumbi até o início dos anos 2000 por ser o maior estádio da cidade. Os dois protagonizaram quartas e semifinais da Copa Libertadores em 1999 e 2000. No ano de 2000, o Palmeiras até decidiu o título do torneio continental com o Boca Juniors, que ficou com o título.

Aquele jogo foi o último com mando do Palmeiras sem o estádio dividido, basicamente só com palmeirenses, o que vai voltar a acontecer neste sábado, já que desde abril de 2016 os clássicos na capital paulista são jogados com torcida única.

SEGURANÇA
Ainda que as diretorias se entendam, existe o temor de episódios de vandalismo de ambas as torcidas. No Morumbi, são-paulinos temes que palmeirenses depredem desde cadeiras até locais personalizados no estádio, como camarotes temáticos e as pinturas nos acessos para as arquibancadas. Também há preocupação com a sede da Independente, principal organizada do São Paulo, localizada em frente a um dos portões.

Ao <b>Estadão</b>, a Polícia Militar informou que a operação para o clássico entre Palmeiras e Santos neste sábado inclui policiamento com viaturas do 16º BPM/M e dos Batalhões de Choque posicionadas em locais estratégicos. Quando o São Paulo for jogar no Allianz Parque, a segurança também será reforçada.

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