O acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia está mais perto do que nunca. A análise foi feita nesta quinta-feira, 18, por ambos os lados após reunião de cúpula sobre o Brexit na Bélgica. O maior impasse segue o mesmo: a fronteira entre Irlanda, membro da UE, e Irlanda do Norte, território britânico. Londres e Bruxelas, porém, demonstraram otimismo em obter um entendimento.
O resultado da cúpula é o mais otimista desde março de 2017, quando Londres ativou o Artigo 50, que prevê o desligamento de um país-membro do bloco. Mesmo sem solução para o impasse irlandês, Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, afirmou que o acordo está próximo. “Depois de ouvir a posição da primeira-ministra britânica, Theresa May, os demais 27 países da UE confirmaram que desejam continuar as conversas com um espírito positivo”, afirmou.
Tusk informou ainda que uma cúpula exclusiva para discutir os detalhes do acordo deve ser convocada para novembro, “caso progressos decisivos sejam feitos”. Mas, segundo ele, esses avanços “ainda não ocorreram”.
Na quarta-feira, 17, na abertura das reuniões, Tusk disse que a separação sem acordo – o “Brexit duro” – era mais provável do que nunca, enquanto May afirmava que os dois lados haviam se aproximado. Ontem, as opiniões convergiram para um acordo.
Um sinal interpretado como positivo sobre o andamento das negociações foi o fato de a premiê ter descartado a possibilidade de pedir a ampliação do prazo final da transição do Brexit, de dezembro de 2020 para dezembro de 2021. Nesse período, o Reino Unido continuará, na prática, a fazer parte da UE, enquanto os preparativos técnicos serão realizados para o Brexit.
Apesar do tom otimista, os principais líderes europeus cobraram de May uma solução para os problemas políticos internos de seu governo. A premiê vem sendo ameaçada pela oposição do Partido Trabalhista, que pretende votar contra o acordo, assim como uma ala anti-Europa do Partido Conservador, que considera a negociação um fracasso.
Além disso, ainda o impasse irlandês precisa ser resolvido. “Cabe ao Reino Unido encontrar e nos propor uma solução”, disse o presidente da França, Emmanuel Macron. A UE é contra o restabelecimento de uma fronteira física entre as duas Irlandas. Sem ela, no entanto, a Irlanda do Norte passaria a ter regras diferentes do Reino Unido, o que é inaceitável para os unionistas – que defendem a união britânica e dão sustentação ao governo de May.
“Hoje, não é mais um cenário técnico que pesa. Todos os cenários técnicos foram vistos e revistos. É a capacidade política britânica de encontrar um acordo apresentável. Ponto final. Não cabe à UE fazer concessões para tratar um tema de disputa interna da política britânica”, disse Mácron.
O presidente francês também pediu urgência na apresentação de uma proposta para a Irlanda, como também fez a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. “Todos os 27 países querem uma solução”, afirmou Merkel. “Enquanto não tivermos uma solução satisfatória, não poderemos explicar de forma satisfatória como isso ocorrerá. Mas acredito que, enquanto houver desejo, teremos um caminho.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.