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Acusados de desviar dinheiro da saúde são presos no Rio

Três ex-diretores de uma organização social (OS) que administrava hospitais da Prefeitura do Rio de Janeiro foram presos nesta sexta, 8, sob a acusação de envolvimento em um desvio de R$ 48 milhões em recursos públicos. A prisão aconteceu na mesma semana em que a administração municipal assumiu duas unidades de saúde geridas pelo governo estadual, que passa por grave crise financeira: os hospitais Albert Schweitzer, em Realengo, e Rocha Faria, em Campo Grande, ambos na zona oeste. O município anunciou que abrirá processo administrativo para selecionar OSs para as duas unidades.

Os irmãos Cristina Isabel Cezário Turatti, João Mauro Turatti e Maurílio Turatti cuidavam da área financeira da Biotech Humanas, responsável pela administração dos hospitais Pedro II, em Santa Cruz, zona oeste, e Ronaldo Gazolla, em Acari, zona norte. Eles foram detidos durante a Operação Ilha Fiscal, da Polícia Civil e do Ministério Público, em 9 de dezembro do ano passado, mas estavam em prisão domiciliar desde 22 de dezembro, beneficiados por um habeas corpus. Com o novo mandado, os três ficam presos preventivamente.

O trio é acusado de participar de compras superfaturadas e pagamentos por serviços não prestados nas unidades de saúde. O dinheiro desviado beneficiava dirigentes da Biotech após saques milionários em espécie, segundo a apuração dos investigadores. A OS foi afastada da gestão dos hospitais pela Secretaria Municipal de Saúde, após a operação realizada pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) da Polícia Civil e pelo Ministério Público do Estado do Rio. A Biotech também foi desqualificada, o que a deixa impedida de participar de qualquer outro chamamento público.

A Prefeitura do Rio divulgou nessa quinta, 7, que o Albert Schweitzer e o Rocha Faria continuarão geridos por OSs depois da municipalização. Um processo licitatório será aberto para a escolha de novas entidades sem fins lucrativos, no prazo de 180 dias, contados a partir de 1º de fevereiro próximo.

Nessa sexta, 8, promotores e defensores públicos vistoriaram os dois hospitais transferidos para o município. O Ministério Público e a Defensoria Pública questionam a escolha do Albert Schweitzer e Rocha Faria em detrimento das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Os órgãos solicitaram cópia do processo administrativo que fundamentou a transferência para a prefeitura.

Profissionais de saúde que trabalham em UPAs, contratados por OS, continuam com salários atrasados, segundo Sindicato dias Médicos do Rio de Janeiro. Os representantes da categoria conseguiram na quinta liminar que obriga o Instituto Data Rio, responsável pela gestão de dez UPAs, a pagar os salários atrasados e a segunda parcela do 13º em 48 horas. A OS não atendeu a reportagem.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que a Biotech já vinha sofrendo sanções administrativas e tinha sido inspecionada pelo o Tribunal de Contas do Município e pela Controladoria Geral do Município. “A gestão compartilhada com as organizações sociais segue um modelo transparente, que permite total fiscalização sobre a execução dos contratos”, diz o texto.

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