O adiamento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio por causa da pandemia do novo coronavírus vai obrigar o Comitê Olímpico Internacional (COI) a buscar soluções para readequar as duas competições. As novas datas, por exemplo, ainda não foram escolhidas. O que está certo é que os eventos têm de ser realizados até o verão japonês de 2021.
Nesta quarta-feira, o presidente do COI, Thomas Bach, classificou a definição da nova data como uma "questão muito desafiadora". Ele espera que essa decisão seja tomada rapidamente.
Algumas questões já foram resolvidas. A Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) definiu que quem está suspenso por doping e tiver cumprido a sua pena até o novo período classificatório estará apto a competir na Olimpíada. Enquanto isso, Fifa e COI estudam uma possível permissão de mudança do teto de idade no torneio masculino de futebol para que atletas que completarem 24 anos em 2021 possam participar do evento.
Mas ainda há muito trabalho pela frente, para encontrar soluções para diversas situações. Eis algumas delas:
Ingressos
Só para residentes no Japão foram vendidos 4,48 milhões de ingressos de um aporte total de 7,8 milhões. No sorteio para ver quem era contemplado com o direito de comprar entradas, 7,5 milhões de pessoas se inscreveram. Com o adiamento, as entradas agora serão redefinidas para as novas datas.
Calendário
O COI terá de encaixar os Jogos em uma agenda esportiva de 2021 já sobrecarregada com Mundiais de Atletismo e Esportes Aquáticos, além da Eurocopa e a Copa América, que também foram adiadas. As federações internacionais de atletismo e esportes aquáticos, no entanto, já anunciaram que estão dispostas a colaborar para criar um espaço no calendário para os Jogos, modificando seus respectivos Mundiais.
Hospedagem
Outro desafio é a disponibilidade do parque hoteleiro de Tóquio e dos grandes centros de congressos que deveriam, por exemplo, hospedar a central de mídia. É possível que os Jogos ocorram não mais no verão do Japão, e sim na primavera, período considerado bom do ponto de vista climatológico, evitando o forte calor que levou o COI a mudar a maratona e a marcha de Tóquio para Sapporo.
Arenas
A única instalação em Tóquio que ainda não foi testada pelos atletas é o Centro Aquático, que teve adiada sua inauguração por causa da pandemia. O local será uma estrutura permanente e custou R$ 2,6 bilhões.
Para os Jogos de Tóquio, estão previstas 43 instalações, algumas construídas para a competição e outras temporárias. Com a mudança de data, eventos terão de ser reagendados ou cancelados. É o caso, por exemplo, do novo Estádio Olímpico, com capacidade para 68 mil espectadores, que receberia shows e outros campeonatos após o evento olímpico.
Vila Olímpica
São 21 torres de 14 a 18 andares, com vistas para a baía de Tóquio. Abrigará 11 mil atletas e membros das delegações. Depois dos Jogos, 4.145 apartamentos serão vendidos ou alugados para a população. O atraso na transformação do local coloca em dúvida contratos de propriedade já assinados. Um primeiro lote, com 940 imóveis, está vendido desde o ano passado.
Impacto econômico
O adiamento é uma enorme dor de cabeça logística para o Japão, que investiu US$ 12 bilhões (quase R$ 70 bilhões) no evento. O impacto total da mudança está sendo avaliado, pois será necessário negociar com locais de treinamento, empresas de logística e outros fornecedores. Os organizadores tentarão cortar custos sem prejudicar o resultado final. De acordo com o jornal japonês Nikkei, o custo adicional pode chegar a US$ 2,7 bilhões (R$ 13 bilhões).
Time Brasil
A delegação brasileira tem, até o momento, 178 atletas classificados para os Jogos. A expectativa do COB é que o Time Brasil tenha até 300 atletas. Com o adiamento, ainda não estão definidas como serão as seletivas olímpicas que estavam agendadas para esse ano. Nos próximos dias, o COI deve anunciar as novas regras de classificação.
Paralimpíada
Os Jogos Paralímpicos, que tradicionalmente ocorrem depois da Olimpíada, também foram adiados. O Comitê Paralímpico Brasileiro comemorou a decisão e colocou à disposição dos órgãos de saúde o CT Paralímpico, em São Paulo, para ajudar no combate ao coronavírus e no atendimento aos doentes.