Saúde

Adolescente guarulhense busca doador de medula óssea

Falta de informação leva a pouca doação de medula, destaca jovem

"A má difusão de informação é o que leva à falta de doadores e ao aumento das filas de espera para um transplante". As palavras são de Caroline Aranda dos Santos, 18 anos, que há cinco meses luta contra uma Leucemia. Para a jovem, a falta de informações que conscientizem a população sobre o transplante de medula óssea, indicado para a cura da doença, é um desafio.

De acordo com Caroline, o procedimento de transplante precisa ser melhor esclarecido. "As pessoas tem medo e muitas acreditam que para doar a medula é preciso passar por uma cirurgia ou algo parecido, o que precisa ser desmistificado", ressalta.

Neste sentido, a família passou a mover uma campanha de informação e incentivo à doação por meio da internet, de cartazes e da busca de apoio de entidades. A mãe da menina, Carmem Aranda dos Santos, 41, procurou apoio na Associação da Medula Óssea (AMEO) e na Escola Natasha, em Guarulhos. O resultado será uma ação, em 23 de outubro, quando voluntários da AMEO usarão o espaço cedido pela Natasha para realizar testes de doadores. Carmem explica que haverá palestras sobre o assunto e que as coletas serão encaminhadas à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Não há unidades de saúde pública para tratamento da leucemia e transplante de medula óssea na cidade.

Mesmo com a força do tratamento quimioterápico e a necessidade de um transplante de medula óssea, Caroline continua sendo uma jovem de sorriso. Ela se prepara para sua quinta internação, em um hospital particular da cidade. Cada uma delas chega a ultrapassar o período de 30 dias.

Com naturalidade, menciona a surpresa dos médicos em constatar a boa resposta de seu organismo as interações medicamentosas. "Para mim só há uma explicação, o apoio dos amigos e da família e a minha fé". Nem mesmo a mudança em sua rotina, como a interrupção dos passeios e o curso de informática no qual estava matriculada, mudaram o humor da adolescente.

Ansiosa, aguarda a notícia de que foi encontrado o doador compatível e faz planos para seu futuro. Não desanima o fato de familiares não serem doadores compatíveis. "Assim que receber a medula, quero viajar a Porto de Galinhas e a Fernando de Noronha, comemorar com todos que me ajudaram. Além disso, vou cuidar do meu futuro e ingressar no curso de Ciências Contábeis em uma faculdade".

De acordo com o levantamento realizado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa de novos casos de leucemia neste ano no Brasil é de 9.580, dos quais 5.240 são homens e 4.340 mulheres.

A doença, maligna, acomete os glóbulos brancos, os chamados leucócitos. Sua origem geralmente é desconhecida. Uma das principais características é o acúmulo de células jovens anormais na medula óssea, que passam a substituir as células sanguíneas normais.
Transplante – O transplante é a substituição de uma medula óssea doente por células normais de medula óssea, com o objetivo de reconstituição de uma nova medula saudável.

Pode ser autogênico, quando a medula vem do próprio paciente. Por outro lado, oo transplante alogênico, a medula vem de um doador. O transplante também pode ser feito a partir de células precursoras de medula óssea, obtidas do sangue circulante de um doador ou do sangue de cordão umbilical.

A doação é feita em centro cirúrgico, sob anestesia, e tem duração de aproximadamente duas horas. São realizadas múltiplas punções, com agulhas, nos ossos posteriores da bacia e é aspirada a medula. Retira-se um volume de medula do doador de, no máximo, 15%. De acordo com divulgações do Inca, esta retirada não causa qualquer comprometimento à saúde.

A nova medula é rica em células chamadas progenitoras que, na corrente sanguínea, circulam e vão se alojar na medula óssea, onde se desenvolvem. Ainda de acordo com informações do Inca, a rejeição após o transplante é rara.


Posso ajudar?