As reuniões da Comissão Especial de Inquérito que investiga Alexandre Zeitune (Rede), vice-prefeito de Guarulhos, reservam momentos bem interessantes. Fora o tema central que se debate há mais de um mês, discussões paralelas que, vez ou outra, enveredam-se para cunho pessoal deixam os ânimos bastante acirrados. Nestes momentos, quem é melhor de retórica se sai melhor. Nesta quinta-feira pela manhã, não faltaram exemplos.
Defesa passional
Zeitune passou a estar presente em todas as reuniões, a partir do momento em que se auto nomeou como um de seus advogados de defesa, por mais absurdo que isso possa parecer. De certa forma, ganhou palanque, a ponto de interferir o tempo todo no andamento dos trabalhos. Porém, muitas vezes, o lado emocional fala mais forte e ele perde a razão, caindo em várias oportunidades em flagrante contradição. Em alguns casos, o advogado Leonardo Freire, que representa também a Rede, entra em cena para acalmar o chefe.
Mantra cansativo
Também fica evidente que, na tentativa de tirar o foco das acusações contra de si próprio, Zeitune busca subterfúgios para tentar desqualificar aqueles que julga serem seus oponentes. O preferido dele é o líder do Governo, o vereador Eduardo Carneiro (PSB), seu desafeto político e relator da CEI, a quem fica atacando repetidamente, numa espécie de mantra. Nesta quinta-feira, chegou a pedir para ele deixar o cargo, acusando-o de suspeição, já que teria lado, referindo-se a supostos problemas pessoais entre os dois. Carneiro, por sua vez, hábil com as palavras e bastante inteligente, consegue rebater uma a uma as críticas que recebe, sempre com argumentos bem fortes, o que acaba irritando ainda mais Zeitune.
Bateu
Apesar de não fazer parte da CEI, o petista Romulo Ornelas usou a palavra durante a reunião para atacar todos os integrantes, sem poupar o colega de partido, Marcelo Seminaldo (PT), presidente da comissão, a quem acusou – junto aos demais – de fazer parte do mesmo jogo sujo, insinuando que ali existe picaretagem por seus integrantes serem integrantes de um “governo corrupto
Levou
Imediatamente, Carneiro foi até a Tribuna e descarregou, abrindo seu discurso chamando Rômulo de “desequilibrado”, acirrando ainda mais o debate. Em seguida, deixou claro que o ônus da prova é de quem acusa. “Se o senhor está falando que há corruptos aqui, terá que provar”, avisou. “A gente vem na tribuna e fala o que quer. Mas ter que ter responsabilidade para responder por isso”.
Desmobilização
Nesta quinta-feira o Stap (Sindicato dos Servidores Municipais) convocou os professores da rede municipal para um grande protesto na Câmara Municipal, contra um projeto de lei do vereador Laércio Sandes (DEM), que defende a escola sem partido. O máximo que conseguiu foi levar os mesmos sindicalistas de sempre para dividir as galerias com um grupo bem organizado que defendia a ideia do democrata. Os ânimos se exaltaram e a sessão teve de ser suspensa, devido ao clima hostil que se criou na Casa, sem que o projeto fosse à deliberação.