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Adultização infantil acende alerta urgente sobre os limites da exposição digital

A Câmara dos Deputados deve pautar nesta semana uma série de projetos voltados ao combate da adultização de crianças e adolescentes nas redes sociais, após a repercussão de denúncias feitas pelo influenciador Felca Bress. O tema, que mobilizou milhões de brasileiros, reacende o debate sobre os limites da exposição infantil na internet e os riscos da monetização de conteúdos que exploram a imagem de menores em situações inadequadas.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), afirmou que o vídeo de Felca “chocou e mobilizou” o país, e que o Congresso precisa agir com urgência. “Esse é um tema urgente, que toca no coração da nossa sociedade. Vamos enfrentar essa discussão e avançar na defesa das crianças”, declarou Motta em suas redes sociais.

Felca tem denunciado perfis com milhões de seguidores que utilizam crianças e adolescentes em vídeos com pouca roupa, dançando músicas sensuais ou abordando temas sexuais — tudo em nome de engajamento e lucro. “Tira o dinheiro dessa galera que tudo que eles fazem perde o sentido”, afirmou o influenciador, defendendo que as plataformas deixem de monetizar esse tipo de conteúdo.

A prática conhecida como adultização infantil refere-se à exposição precoce de crianças a comportamentos, responsabilidades e expectativas que deveriam ser reservadas aos adultos. Segundo o Instituto Alana, essa exposição pode provocar erotização precoce, afetar o desenvolvimento emocional e psicológico, e comprometer a formação da identidade da criança.

Especialistas em infância e juventude alertam que a internet, embora seja uma ferramenta poderosa de comunicação e aprendizado, também pode se tornar um ambiente de risco quando não há regulação adequada. A ausência de filtros e a busca desenfreada por visualizações criam um terreno fértil para abusos disfarçados de entretenimento.

A expectativa é que os projetos em pauta na Câmara incluam restrições à monetização de conteúdos com menores, regras mais rígidas para perfis que exploram a imagem infantil e mecanismos de denúncia mais eficazes nas plataformas digitais.

A mobilização liderada por Felca mostra que a sociedade está atenta e disposta a cobrar mudanças. Mas a proteção da infância exige mais do que indignação: requer ações concretas, legislação eficaz e compromisso das plataformas digitais.