O advogado Bruno Catsiamakis Queiroga admitiu à Procuradoria-Geral da República que assinou como testemunha o contrato entre empresas apontadas pelas investigações da Operação Lava Jato como responsáveis por irrigar uma das contas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na Suíça.
Queiroga é amigo e já foi sócio de Felipe Diniz, filho do ex-deputado Fernando Diniz (PMDB-MG), morto em 2009, e apontado como responsável por indicar depósito na conta do peemedebista.
Em seu segundo depoimento, prestado em 2 de dezembro de 2015, em Brasília, Queiroga admitiu ter assinado como testemunha um contrato entre as empresas Lusitânia e Acona, em 2010. A Lusitânia pertence a Idalécio de Oliveira, empresário português apontado pelos investigadores como origem da propina repassada a Eduardo Cunha. Já a Acona é de João Augusto Rezende Henriques, tido pela força-tarefa da Lava Jato como lobista do PMDB.
De acordo com as investigações, a Lusitânia repassou US$ 10 milhões à Acona que, em 2011, fez um aporte de 1,3 milhões de francos suíços na Orion, um dos trustes (espécie de fundo de investimento) na Suíça que tem o presidente da Câmara como beneficiário.
Queiroga disse inicialmente que não se recordava de ter assinado o contrato entre a Lusitânia e a Acona, mas, ao ser confrontado com sua assinatura no documento, confirmou.
Bruno Queiroga já havia dito aos investigadores que tinha uma “convivência eventual” com o João Henriques. Nesta época, segundo o depoimento, Queiroga reunia-se com ele cerca de uma vez por semana, quando estava no Rio de Janeiro. Ele afirmou ter assinado o documento “como faria para qualquer amigo, na qualidade de testemunha, sem questionar seu conteúdo”. Queiroga disse ainda não ter lido o documento que assinou.
Indicando “relação de respeito”, Bruno Queiroga disse que via João Henriques como um “consultor bem sucedido e bem relacionado”. Ele negou conhecer Idalécio de Oliveira e também negou ter negócios com Henriques ou ter intermediado alguma negociação para ele.
O novo depoimento de Queiroga foi anexado nesta quinta-feira, 21, ao inquérito que investiga as contas internacionais de Eduardo Cunha a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Procurado, Eduardo Cunha não quis comentar o depoimento. A defesa do parlamentar afirmou que, por não ter tido acesso ao depoimento e por não haver nenhuma acusação a Cunha, não faria qualquer avaliação.