O saguão do Terminal 2 do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, voltou a abrigar refugiados afegãos apenas duas semanas após 123 afegãos serem encaminhados para um abrigo em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Os imigrantes chegam ao Brasil com vistos de acolhida humanitária. No início da noite deste sábado, são 50 afegãos a espera de abrigo. As 178 vagas mantidas pela Prefeitura de Guarulhos e Governo do Estado na cidade estão ocupadas.
A transferência para Praia Grande somente ocorreu após pressão da sociedade, após um surto de sarna em pelo menos 20 afegãos que estavam em Guarulhos. Até aquele momento, o Governo Federal, responsável pela concessão dos vistos humanitários, pouco havia feito para abrigar os refugiados. Na ocasião, o prefeito de Guarulhos, Guti, liderou um movimento, que envolveu União, Estado, organizações não governamentais, o que culminou com a transferência para uma colônia de férias no litoral de São Paulo. Mas a situação não foi resolvida pelo Governo Federal, que anunciou que assumiria sua responsabilidade a partir dali.
Desde setembro de 2021, o governo brasileiro já emitiu mais de nove mil vistos de refúgio para afegãos. Muitos chegam ao Brasil sem ter para onde ir e ficam no aeroporto à espera de acolhimento.
Em entrevista no dia 1º de julho, o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que seria criada uma rede para acolher esses refugiados com os vistos já emitidos:
“Vamos montar rede necessária para acolher essas pessoas, uma vez que houve entrega dos vistos, já que algum momento essas pessoas cheguem ao Brasil. Temos lei brasileira de migrações, temos obrigações previstas e compromisso internacional do Brasil. É uma política necessária de acolhida. Precisamos garantir a lei ao que estão no território nacional e os que vão chegar nos vistos concedidos”
Desde 2021, quando o grupo radical Talibã assumiu o poder, milhões de afegãos deixaram o país, fugindo do regime autoritário. Em Setembro do mesmo ano, o governo brasileiro publicou uma portaria interministerial que autorizava o visto temporário e a residência por motivos humanitários.
Apesar de conseguirem vistos e até desembarcar no Brasil, o país não possui ainda uma política de acolhimento suficiente. Os refugiados estão sendo lentamente realocados. A Prefeitura de Guarulhos já atendeu mais de 3 mil afegãos que chegaram ao Aeroporto.