As ações do Banco Inter saltaram quase 25% na segunda-feira, 24, fechando a R$ 223,29, depois de a empresa de maquininhas Stone ter anunciado, pela manhã, que vai investir até R$ 2,5 bilhões no banco digital. Em paralelo a esse investimento, o Inter anunciou que vai realizar uma oferta de primária de ações subsequente (follow-on). O investimento dará à Stone, empresa brasileira listada na Bolsa de tecnologia americana Nasdaq, uma vaga no conselho de administração do banco digital, que ganhou R$ 11 bilhões em valor de mercado em apenas um dia.
O preço por ação que a Stone concordou em pagar é de R$ 57,84 e leva em consideração o desdobramento dos papéis na proporção de um para três, aprovado na última semana pelo banco. Esse investimento colocará a Stone ao lado dos atuais controladores do Banco Inter – a família Menin, também dona da construtora MRV, comanda o negócio e detém 35,35% do capital.
A empresa fechará um acordo de acionistas com os atuais controladores do Inter. Por meio dele, terá direito de preferência caso haja mudança no controle do banco. Esse direito terá validade de seis anos e estará sujeito a determinados limites de preço.
O JPMorgan foi o assessor financeiro da Stone. A assessoria legal ficou por conta de Spinelli Advogados, Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados.
<b>Nova listagem</b>
Em paralelo ao investimento de R$ 2,5 bilhões que receberá da Stone, o Banco Inter está na fase final de estudos para ser listado na Nasdaq. De acordo com comunicado enviado pela instituição à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a atual base acionária será transferida para uma nova empresa, nas Ilhas Cayman.
Isso resolveria um questionamento antigo ao preço das ações do Inter, visto como caro por parte do mercado. Após a ida à Nasdaq, essa nova empresa teria Brazilian Depositary Receipts (BDRs) a serem negociados na B3.
O Inter justifica a mudança ao afirmar que, com a criação de um ecossistema de produtos e serviços que vai além do setor bancário, tem a pretensão de atingir alcance global.
De acordo com relatório do Citi, a parceria com a Stone concede ao Inter acesso a canais de distribuição de última geração e capacidades no segmento de pequenas e médias empresas, segmento no qual o banco tem investido recentemente.
<b>Efeitos positivos</b>
Para o BTG Pactual, a negociação entre Stone e Inter foi uma "surpresa absolutamente positiva".
A oferta subsequente de ações pode chegar a cerca de R$ 5 bilhões, de acordo com o banco, considerando que a empresa se comprometeu a pagar R$ 2,5 bilhões por uma fatia de 4,99% na instituição da família Menin.
A oferta ainda não tem data certa para ocorrer, mas, segundo Eduardo Rosman, analista do BTG Pactual, deve ser em breve. "Todos ganham em todas as partes: Inter, Stone, clientes e acionistas", avalia.
Em relação à Stone, ele cita a necessidade de a empresa acelerar a digitalização de seus comerciantes e buscar outras fontes de financiamento. "Vemos a transação como uma vitória para ambos e reiteramos tanto o Inter quanto a Stone em nossa lista de top picks (ações mais recomendadas para compra)", acrescenta Rosman.
O Citi, no entanto, não vê a situação sob o mesmo prisma. "A parceria é de fato complementar aos negócios de Stone, mas vem com um preço alto, incerteza sobre monetização e competição elevada entre os bancos digitais", dizem os analistas Gabriel Gusan, Jörg Friedemann e Karina Salva Martins. Sendo assim, o Citi mantém recomendação "neutra" para as ações da Stone. O preço-alvo em 12 meses é de US$ 69. (Colaborou Fabiana Holtz)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>