Idealizadora e coordenadora da Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo, Tania Rösing foi afastada, pela Universidade de Passo Fundo, do projeto que criou em 1981 e que tanto ajudou na formação de milhares de leitores. Ela, que continua como professora na instituição, falou sobre sua saída no domingo, 31, em carta enviada a escritores, amigos, parceiros e imprensa, e ao jornal O Estado de S.Paulo na segunda.
Tania anunciou há poucos dias o cancelamento do evento por falta de patrocínio em respeito, ela disse, aos escritores e pesquisadores que tinham se comprometido em participar. Como não havia mais tempo de tentar captar recursos, era melhor avisar a todos.
Esse anúncio, antecipado pelo jornal O Estado de S.Paulo em 20 de maio, não foi bem visto pela reitoria da universidade, que, em coletiva de imprensa no mesmo dia, disse que não tinha planos de suspender o evento naquele momento e, já que a coordenadora tinha se antecipado, então a jornada estava cancelada. “Sempre fui muito séria e objetiva e não ia deixar parceiros, editoras, autores e pesquisadores sem saber que não ia ter jornada”, afirmou Tania.
Na quinta-feira, 28, ao voltar de viagem, ela se reuniu com a reitoria da universidade, que promove o evento, e ouviu que ela não era mais a “referência” do projeto.
A nota oficial, enviada à imprensa no fim da manhã, é discreta: “A Universidade de Passo Fundo reitera, conforme anunciado no dia 20 de maio, o cancelamento da 16.ª edição da Jornada Nacional de Literatura de 2015. R
Reafirma, também, que desenvolve plano estratégico para a próxima edição.
Diante desse contexto, e da conjuntura atual, ficou evidenciada a necessidade de reestruturação de seu formato, o que, por conseguinte, demandou a promoção de alterações inclusive na coordenação-geral dos trabalhos”.
Tania pode continuar no grupo que vai organizar a próxima edição. “Se for chamada a contribuir, vou contribuir.” Para ela, no entanto, esta futura edição é um ponto de interrogação. “O que penso sobre a jornada foi revelado até o formato de 2013, quando atingimos essa dimensão democrática. Tivemos a coragem de fazer alguma coisa diferente numa cidade longe e tudo ficou grandioso demais. Agora, vão seguir outro caminho e é preciso não perder as conquistas de três décadas.”
Nas últimas semanas, escritores se mobilizaram em apoio à jornada, criando uma petição online e um financiamento coletivo para tentar viabilizar a edição deste ano. O nível de reconhecimento externo atingido pelo projeto, no entanto, não é o mesmo que ele conquistou internamente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.