Acompanhada de seu estafe presidencial e de campanha, a presidente Dilma Rousseff vistoriou nesta segunda-feira a Unidade Básica de Saúde Jardim Jacy, em Guarulhos, em um evento marcado pela confusão de sua assessoria para definir se ela estava ali na condição de chefe de Estado ou de candidata à reeleição. Dilma afirmou que a visita era para ver de perto o funcionamento do programa Mais Médicos, mas ao encerrar seu discurso, foi ao encontro da população, tirou fotos e beijou criancinhas.
A presidente viajou de Brasília a São Paulo em avião presidencial e chegou ao posto de saúde em carro oficial, com batedores. Ela estava acompanhada dos ministros Arthur Chioro (Saúde) e Thomas Trauman (Secretaria de Comunicação Social). Além deles, estavam o marqueteiro da campanha à reeleição, João Santana, e a equipe de TV, que fez imagens para o programa eleitoral gratuito.
Durante o evento, houve desencontro de informações. Parte da assessoria informou se tratar de uma agenda mista – entre presidencial e de candidata. No entanto, Thomas Traumann, afirmou se tratar de uma "agenda de campanha". À noite, a assessoria do comitê da candidata afirmou que a visita foi um evento de campanha, em que Dilma estava na condição de candidata Ainda segundo a assessoria, os gastos com o avião presidencial serão pagos pela campanha e as imagens serão utilizadas no horário eleitoral.
A confusão também se estendeu à divulgação da agenda da presidente. No início da manhã de ontem, a visita a Guarulhos não aparecia entre os compromissos presidenciais do dia. A presidência informava que Dilma tinha apenas despachos internos em Brasília. Por ter sido confirmada de última hora, a visita não pode ser acompanhada pelo coordenador da campanha de Dilma em São Paulo, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT). Segundo sua assessoria, Marinho foi informado da visita na noite de domingo e não teve tempo para cancelar a reunião do comitê dos prefeitos do Grande ABC, do qual é presidente.
Ausência. O desencontro também foi responsável pela ausência do candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, ex-ministro das Saúde que também tem como principal bandeira o programa Mais Médicos. No início da manhã, a assessoria de Padilha, que precisa da exposição ao lado de Dilma para crescer nas pesquisas de intenção de votos, sequer sabia que a presidente estava em São Paulo.
A visita foi marcada para garantir visibilidade à candidata à reeleição no dia em que as emissoras de TV inauguram a cobertura diária dos candidatos. A presidente chegou às 10h47 e permaneceu por cerca de duas horas no posto de saúde. Neste período, cumprimentou e tirou fotos ao lado de pacientes e se reuniu às portas fechadas com dois profissionais cubanos do Mais Médicos. Na saída, enalteceu o funcionamento do programa: "A demanda por médicos vem das cidades mais populosas do país. São Paulo é o Estado que mais demandou médicos. Esta unidade, por exemplo, atende 25 mil pessoas". Dilma encerrou a coletiva dizendo que tinha que abraçar as pessoas. Ao cumprimentar a população, houve um pequeno tumulto. A presidente foi abordada por uma mulher que lhe questionou se a população de Guarulhos iria ficar sem água. "Estou acompanhando", disse.