Grandes tapetes verdes formados pela planta aquática conhecida como aguapé encobrem trechos do Rio Tietê numa extensão de 30 quilômetros, entre Anhembi e Barra Bonita, na região central do Estado de São Paulo. As “ilhas” de plantas flutuantes também se espalham depois que as águas transpõem a barragem de Barra Bonita e seguem na direção da represa de Bariri. O fenômeno, causado pelo calor, chuvas e poluição das águas, prejudica a pesca e o turismo fluvial na região.
De acordo com o presidente da Colônia de Pesca Z-20 de Barra Bonita, Edivando Soares de Araújo, as plantas enroscam nas redes dos pescadores e nas hélices das embarcações. Em muitos casos, as redes ficam pesadas e acabam se rompendo. “Hoje, o impacto não é tão grande porque estamos no período do defeso (reprodução dos peixes) e a pesca é apenas de subsistência. A partir de 28 de fevereiro, volta a pesca profissional e os aguapés só estão aumentando. Pode chegar a um ponto de a gente não poder trabalhar.” Segundo ele, quando o aguapé apodrece, a qualidade da água é afetada e ocorre morte de peixes. Cerca de três mil pescadores vivem da atividade nesse trecho do Tietê.
O secretário de Controle Ambiental de Barra Bonita, Antonio Bestana Neto, disse que o excesso de aguapés decorre da poluição gerada na Grande São Paulo e ao longo do percurso do rio. Com o rio baixo, as chuvas de verão revolvem o lodo do fundo e liberam nutrientes para as plantas. Também são carreados agroquímicos usados nas lavouras das margens, fazendo com que a planta cresça e se multiplique rapidamente.
Empresas que exploram o turismo fluvial também se preocupam com a mudança no cenário. Os turistas reclamam do lixo que fica preso nas plantas e da impossibilidade de descortinar os cenários do rio. Segundo Bestana Neto, quando o rio está mais baixo, como agora, a formação de aguapé se intensifica. Consultada sobre os riscos ambientais do fenômeno, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) não havia retornado até o final da tarde.