O líder supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei, endureceu seu discurso em relação a um acordo nuclear afirmando que rejeita a interrupção a longo prazo do desenvolvimento nuclear no país e pretende banir o acesso das inspeções internacionais às bases militares.
Os comentários do líder, que apoiava as negociações mesmo com as críticas da parcela mais linha-dura do país, devem deixar pouco espaço para concessões antes do prazo final do acordo, em 30 de junho. As declarações também desafiam os Estados Unidos, especialmente a exigência de que o Irã só assinará um acordo final se as sanções econômicas ao país forem retiradas primeiro.
O parlamento do Irã aprovou, nesta quarta-feira, um projeto de lei que foi aceito pelo Conselho dos Guardiães, um órgão constitucional, que proíbe o acesso as bases militares, documentos e cientistas, como condição para qualquer acordo futuro. O projeto, que virou lei, permite as inspeções internacionais no âmbito do Tratado de Não Proliferação Nuclear.
Em um comunicado transmitido pela televisão estatal iraniana na terça-feira à noite, Khamenei afirmou que a exigência de que o Irã interrompa o desenvolvimento de seu programa nuclear é uma “coerção excessiva”.
“Nós não aceitamos uma restrição de 10 anos. Nós falamos para a equipe de negociadores quantos anos de restrição são aceitáveis”, comentou. O líder ainda acusou os Estados Unidos de oferecer uma “fórmula complicada” para acabar com as sanções econômicas impostas ao país.
Em um pronunciamento no domingo, o Departamento de Estado norte-americano afirmou que as inspeções permanecem sendo uma questão-chave para a assinatura de um acordo final.
As negociações devem começar efetivamente nos próximos dias, na Europa. Nesta quarta-feira, a IRNA, agência oficial de notícias do Irã, divulgou que os vice-ministros de Relações Exteriores, Abbas Araghchi e Majid Takht-e-Ravanchi retomaram as negociações com Helga Schmidt, vice-chefe de Política Externa da União Europeia (UE). Fonte: Associated Press.