Ajudante de ordens e "faz-tudo" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel do Exército Mauro Cid foi o primeiro a ser escalado para resgatar pessoalmente joias e relógio de diamantes trazidos ilegalmente para o País. Ele assinou ofício enviado à Receita, e obtido pelo Estadão, informando que um auxiliar de Bolsonaro pegaria as joias em São Paulo. Filho de um amigo do ex-presidente, o coronel era o oficial mais próximo de Bolsonaro.
O ofício, datado de 28 de dezembro de 2022, é endereçado ao então secretário especial da Receita Federal, Julio Cesar Vieira Gomes. "Autorizo que os bens sejam retirados pelo representante: Mauro Cesar Barbosa Cid", afirma o ofício da Ajudância de Ordens da Presidência da República.
Auxiliares do coronel Cid afirmaram, contudo, se tratar de um erro e que não havia viagem prevista do militar a São Paulo. Em seu lugar, foi designado para a missão o primeiro-sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva. Ele voou em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) no dia seguinte.
Conforme o <b>Estadão</b> revelou, o governo de Jair Bolsonaro tentou trazer ilegalmente para o País um conjunto de joias, incluindo colar, brincos, anel e relógio de pulso da marca Chopard, além da miniatura de um cavalo ornamental, avaliados em 3 milhões, o equivalente a R$ 16,5 milhões. Os itens estão retidos até hoje no Aeroporto de Guarulhos. Segundo o ofício da Ajudância de Ordens, os bens foram ofertados a Bolsonaro pela Arábia Saudita.
O governo Bolsonaro fez oito tentativas de reaver as joias. Ele usou três ministérios – Minas e Energia, Economia e Relações Exteriores -, além de militares. Registro do Portal da Transparência revela que a demanda partiu do próprio presidente da República.
<b>Segundo pacote</b>
O <b>Estadão</b> revelou nesta terça, 7, que Bolsonaro recebeu pessoalmente um segundo estojo de joias, composto por relógio, abotoaduras, caneta, anel e um masbaha (uma espécie de rosário islâmico) rosé gold, todos da marca suíça Chopard, avaliados em, no mínimo, R$ 400 mil. Esses itens estão no acervo privado do ex-presidente e não foram declarados à Receita, o que configura crime alfandegário.
Nesta quarta, 8, à CNN Brasil, Bolsonaro admitiu que ficou com o segundo pacote de joias da Arábia Saudita. Ele afirmou que seguiu a lei, "como sempre", e que não houve "ilegalidade".
Antes da revelação do segundo estojo, o ex-presidente havia dito que "não pediu nem recebeu" os presentes do regime saudita, referindo-se ao primeiro pacote.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>