O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, repetiu neste sábado, 26, que o novo governo tem compromisso com as contas públicas. "Podem ter certeza que esse ajuste e essa eficiência ocorrerão", afirmou, em participação em evento organizado pelo grupo de empresários Esfera Brasil. "O ajuste fiscal vai ser feito e de maneira permanente", garantiu.
Alckmin prometeu que o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não irá gastar mais do que arrecadar e enfatizou que será preciso cortar gastos. "Em 2020 tivemos 10% de déficit primário no Brasil. Ora, pandemia teve no mundo inteiro e o México não teve 3% de déficit", comparou.
O vice-presidente eleito, porém, afirmou que o ajuste não será feito em cima dos aposentados e pensionistas. "Governar é escolher. Tem muita forma de fazer ajuste, que é necessário para o Brasil crescer. Mas fazendo com um olhar social. Podem acreditar, vai haver ajuste, e não vai ser em uma semana. Vão ser quatro anos de ajuste, porque você pode melhorar a eficiência do gasto público todo dia", disse.
Alckmin garantiu que o novo governo não pretende desfazer nenhuma reforma feita em governos anteriores. "Não tem nenhuma reforma a ser desfeita, nenhuma", enfatizou, no evento.
Ele lembrou que a primeira reforma da Previdência foi feita no governo de Lula. "A reforma trabalhista é importante. Não vai voltar imposto sindical e não vai voltar legislado sobre o acordado. Não vai", acrescentou Alckmin. "Agora, as plataformas digitais precisam ser verificadas. Um menino entregador de lanche que não tem descanso semanal, aposentadoria, nada", completou.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, elogiou as reformas feitas nos governos do ex-presidente Michel Temer e do atual presidente Jair Bolsonaro. "Muitas pequenas reformas não são muito sexy, mas têm efeito cumulativo ao longo do tempo. As reformas geraram efeito na oferta e um impacto estrutural no emprego", afirmou.
Campos Neto destacou que o mundo estaria passando por uma "doença muito grave" de falta de produtividade. "Não é aumento imposto sobre capital que vamos ser mais produtivos. O dilema é como sair de um mundo muito endividado de forma eficiente e atendendo a social", completou.
<b>Equipe de transição</b>
Geraldo Alckmin rebateu as críticas sobre o "assembleísmo" do PT e defendeu o grande número de integrantes do governo de transição, na casa de centenas.
"Quanto mais a gente estimular a sociedade civil a participar, melhor. Se puder colocar mais entidades nos grupos da transição, todo mundo voluntário, quem ganha é a sociedade. Quem ouve mais, erra menos. Governo moderno interage", afirmou o ex-governador de São Paulo, em participação em evento organizado pelo grupo de empresários Esfera Brasil.
O vice-presidente eleito repetiu ainda que os mandatos de Lula tiveram crescimento econômico com pouca inflação. Alckmin disse que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), está ouvindo muita gente na economia e elogiou a pluralidade do grupo da área na transição.
"Lula tem muita experiência. Quando alguns economistas – os mais respeitados do Brasil – se manifestaram relatando preocupação, ele disse que iria ouvir todas essas vozes", acrescentou. "A questão fiscal hoje não é de direita ou esquerda, é de senso comum", completou.