Estadão

Ajuste técnico externo após tombo reflete na Bolsa, que tem leve alta

A recuperação nas bolsas internacionais motiva alta moderada do Ibovespa, ajudando o índice a reaver parte da perda de 2,33% da véspera, quando fechou aos 108.843,74 pontos (menor nível desde novembro). Contudo, a expectativa de um dia tranquilo nos mercados nesta terça-feira, após o mau humor de ontem pode ser pontual. Isso porque a crise da Evergrande está longe de ser solucionada. Há o temor de contágio para a economia chinesa, com efeitos em outras partes do globo, ainda que não nos moldes da crise de 2008.

"A Bolsa deve ter um repique, após a queda forte ontem, com investidores assimilando o que está acontecendo, em busca de oportunidades. A preocupação maior, de um efeito chinês do Lehman Brothers banco americano que faliu e deu início à crise financeira de 2008, parece que está passando, que os ânimos estão se acalmando. Porém, continua assombrando", avalia Antonio Marcos Samad Junior, sócio da Axia Investing.

Às 10h35, o Ibovespa subia 0,33%, aos 109.202 pontos, ante máxima diária aos 109.682,81 pontos.

Além disso, investidores seguem cautelosos à espera das decisões de política monetária nos EUA e no Brasil, amanhã, de uma solução para o pagamento de precatórios, e de olhos atentos ao discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da 76ª Assembleia Geral da ONU. A expectativa é que o mandatário adote um tom neutro, mas, se por um acaso for na linha contrária, pode incomodar os mercados.

Hoje, o ministro da Economia, Paulo Guedes, participará de reunião com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para discutir os precatórios.

Como observa a MCM Consultores, a PEC encaminhada pelo governo seria alterada e o volume de precatórios para 2022 ficaria em torno de 57 bilhões. Para o saldo de R$ 32 bilhões, que inclui os precatórios de elevado valor para alguns Estados, ainda não há definição de uma alternativa, cita em relatório.

De acordo com Vitor Miziara, da Criteria Investimentos, como a China ainda está em feriado, isso traz alívio "temporário" aos mercados, enquanto os investidores aguardam pela decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed, amanhã, "que deve decidir entre o número de aumentos na taxa de juros e também sobre o tapering retirada de estímulos ", cita em nota.

Além do mais, a agenda de indicadores está relativamente esvaziada no exterior, o que pode contribuir para o ajuste técnico nos mercados hoje e alguma instabilidade. Na agenda dos EUA, saíram os números de construções de moradias iniciadas, que subiram 3,9% em agosto ante julho, ante previsão de 1%.

"Enquanto não houver um posicionamento do governo chinês sobre o que fará – e se fará – algo sobre essa questão, fica essa sombra. Naturalmente, países emergentes como o Brasil são os que mais sofrem", afirma Samad Junior, da Axia.

Além da valorização das bolsas europeias e de Nova York, as commodities avançam no exterior. O petróleo subia na faixa de 0,50% perto de 10h40, enquanto o minério de ferro fechou com alta marginal de 0,05% no porto chinês de Qingdao (US$ 93,03 a tonelada). A elevação, contudo, está longe apagar as perdas recentes. Só ontem caiu quase 9%.

A alta do Ibovespa, contudo, não é geral na carteira, na contramão da véspera, quando a maioria dos papéis foi penalizado. Ontem, só cinco ações subiram. Depois de testar forte, Vale subia apenas 0,12%, enquanto as outras ações ligadas ao setor metálico cediam, caso de CSN ON (-2,22%). Petrobras subia 0,49% (PN) e 0,63% (ON)

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