O braço da Al-Qaeda no Iêmen exortou seguidores ao longo do fim de semana a enfrentar os EUA em resposta a um ataque realizado por comandos norte-americanos que matou figuras importantes do grupo. Os militantes lançaram novos ataques contra o território controlado pelo governo internacionalmente reconhecido do Iêmen.
Qasim al-Raymi, líder da Al-Qaeda na Península Arábica, ou AQAP, comparou o grupo com extremistas que combateram forças norte-americanas no Iraque, no Afeganistão e na Somália, segundo um discurso traduzido pelo SITE Intelligence Group, que rastreia atividades e mensagens extremistas. “Minha mensagem para nossos leões no campo de batalha é que vem aí a América, pisando em sua terra com a sua arrogância e o seu orgulho”, disse Raymi no sábado. O líder disse a seus seguidores para lembrarem os EUA dos ataques de Mogadíscio, das vitórias de Kandahar e da persistência de Faluja. “Queimem a terra sob seus pés e façam com que ouçam os sussurros de Satanás”, ameaçou Raymi, referindo-se ao presidente Donald Trump como “o novo tolo da Casa Branca”.
Uma unidade norte-americana das forças especiais atacou um complexo AQAP em uma parte remota do centro do Iêmen em 29 de janeiro, matando militantes e possivelmente alguns civis, de acordo com autoridades dos EUA. Um fuzileiro naval norte-americano foi morto em um tiroteio e três soldados dos EUA ficaram feridos.
A incursão, a primeira operação do tipo sob o governo de Trump e a primeira envolvendo tropas terrestres dos EUA no Iêmen desde 2014, despertou controvérsia em Washington. Funcionários do governo anterior, de Barack Obama, questionaram alegações sobre o planejamento da operação e afirmações de que o movimento havia sido considerado ainda no governo Obama.
Raymi disse que 25 pessoas, incluindo 14 homens e 11 mulheres e crianças, foram mortas no ataque. Entre os mortos estavam duas figuras importantes do AQAP – Abdulraoof al-Dhahab e Sultan al-Dhahab -, segundo ele.
O AQAP também começou a atacar aldeias recentemente na província de Abyan, no sul do país, onde ocorreu o ataque dos EUA, de acordo com os moradores do local. Embora não esteja claro se os ataques foram uma resposta direta ao movimento norte-americano, os combatentes da AQAP não concentravam esforços em Abyan há meses.
As áreas atacadas estão atualmente sob o controle de forças iemenitas aliadas ao governo internacionalmente reconhecido do presidente Abed Rabbo Mansour Hadi. Hadi é apoiado por uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita que está lutando há quase dois anos contra os rebeldes Houthi do Iêmen, que controlam a capital, Sanaa. Fonte: Dow Jones Newswires.