Alívio externo por ação do Fed e Super Terça permite alta do Ibovespa

Os mercados externos têm uma manhã de alívio nesta quarta-feira, 4, após uma terça-feira de gangorra nas bolsas, o que não foi diferente na B3. É sob esse ambiente é que o Ibovespa iniciou o dia, que ainda tem em mãos os dados das Contas Nacionais Trimestrais do ano passado, com o Produto Interno Bruto (PIB). A alta nos mercados acionários internacionais tem como pano de fundo o avanço do ex-vice-presidente dos Estados Unidos Joe Biden nas prévias dos democratas. Biden venceu em nove Estados norte-americanos na Super Terça das primárias do Partido Democrata, deixando em segundo lugar o senador Bernie Sanders.

Além disso, os investidores avaliam melhor a decisão extraordinária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) de cortar a taxa de juros em meio ponto porcentual ontem, e que provocou queda das bolsas. Hoje, no entanto, os índices futuros de Nova York sobem acima de 2%. Há expectativa de que outros bancos centrais adotem postura semelhante para tentar conter os efeitos do vírus sobre as economias.

Os investidores, afirma o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, estão "digerindo" o corte do Fed e avaliando a possibilidade de uma nova queda na reunião, cuja decisão sairá no dia 18 – mesmo dia do Comitê de Política Monetária (Copom).

Após a decisão do Fed, passaram a crescer as expectativas de diminuição da taxa Selic, que atualmente está em 4,25% ao ano, o que já deu impulso para o setor de consumo na B3 ontem. Na noite de ontem o Banco Central divulgou nota afirmando que está "monitorando atentamente os impactos do surto da epidemia nas condições financeiras e na economia brasileira".

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, pondera que talvez hoje não tenha tanto espaço para alta forte dos papéis de consumo na Bolsa. Além disso, cita que embora o PIB do quarto trimestre e de 2019 tenha vindo dentro do esperado, ainda não computou os impacto do coronavírus, o que tende a influenciar desfavoravelmente as vendas, em especial a do Dia das Mães.

"Por mais que tenha essa questão de novo corte de juros, que pode ser benéfico para as ações do setor varejista, tem o temor com o abastecimento de produtos vindos da China", descreve a economista.

De acordo com ela, o desempenho do PIB no quarto trimestre e consolidado de 2019, em linha com o esperado, não altera as preocupações em relação às perspectivas de desaceleração da economia interna à frente. Conforme Camila, é um dado "bom", pois evita causar novo tumulto neste momento de incertezas. "É fato que tem muita influência da queda dos juros amparando a alta do consumo das famílias, por exemplo, com tendência de melhora em 2020. No entanto, tem o coronavírus, e esse impacto pode prejudicar as vendas do Dia das Mães, por mais que as questões macro ajudem", pondera.

Segundo a economista, por mais que ocorram substituições de produtos, caso de eletroportáteis, para essa data, que é considerada uma das principais para o varejo brasileiro, a oferta tende a ficar comprometida, por causa do surto do vírus, iniciado na China. Ou seja, além da possibilidade de um primeiro trimestre ruim, o trimestre seguinte também pode ter desempenho fraco para o varejo. "Apesar da expectativa de mais corte de juros, há outros embaraços que acabam prejudicando essa transmissão da queda de juros para o consumo. É preciso avançar nas reformas. A tendência é de melhora para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), mas poderia ser melhor se agenda de privatizações rodasse."

Às 10h38, o Ibovespa subia 1,34%, aos 106.950,59 pontos.

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