Economia

Alavancagem líquida da Petrobras permanece acima da meta

A alavancagem líquida da Petrobras, medida pela relação entre endividamento líquido e patrimônio líquido, fechou o segundo trimestre de 2014 em 40%, novamente acima do patamar de 35% desejado pela estatal. O indicador havia rompido a barreira de 35% no terceiro trimestre do ano passado, ao atingir 36%. No trimestre seguinte, o indicador voltou a subir e chegou a 39%, número mantido no primeiro trimestre deste ano.

Embora o limite de 35% de alavancagem líquida fosse defendido pelo diretor Financeiro Almir Barbassa, a companhia já incorporou o cenário de alavancagem acentuada em suas projeções. No plano estratégico divulgado em fevereiro passado, a Petrobras destacou que a alavancagem terá trajetória decrescente, dentro do limite de 35%, somente a partir de 2015.

No mesmo plano estratégico, a companhia informou que o indicador entre dívida líquida e Ebitda ajustado cairá abaixo do limite de até 2,5 vezes igualmente a partir de 2015. Por enquanto, contudo, esse indicador continua em níveis elevados. Após atingir o patamar de 4 vezes no primeiro trimestre, a alavancagem caiu para 3,94 vezes no segundo trimestre.

O indicador de alavancagem líquida ganhou importância em 2010, ano em que a estatal realizou sua megacapitalização de mais R$ 120 bilhões. Na oportunidade, uma das razões para que a Petrobras anunciasse a operação foi justamente a preocupação de que o indicador superasse 35% e colocasse em risco a condição de grau de investimento concedido pelas agências de classificação de risco.

Concluída a operação, a alavancagem da estatal caiu de 34% no segundo trimestre para 16% no terceiro trimestre de 2010. Desde então, porém, o indicador manteve trajetória ascendente até o primeiro trimestre deste ano, quando parou de subir. No segundo trimestre, a trajetória de elevação foi retomada.

Já o indicador entre dívida líquida e Ebitda é observado por analistas e investidores porque relaciona a geração de caixa de uma empresa e sua capacidade de honrar compromissos contratados. O atual patamar de alavancagem da Petrobras indica que a estatal precisaria de 3,94 anos para levantar os recursos necessários ao pagamento de suas dívidas, caso o volume de geração de caixa, volume de recursos em caixa e endividamento ficassem inalterados durante esse período.

Recorde

O balanço do segundo trimestre divulgado nesta sexta pela Petrobras mostra que o nível de endividamento da estatal parou de crescer. A dívida bruta da companhia encerrou o mês de junho em R$ 307,712 bilhões, abaixo da marca de R$ 308,147 bilhões do fechamento do primeiro trimestre.

O volume de recursos da estatal, incluindo montante em caixa e títulos públicos federais, chegou ao final de junho em R$ 66,363 bilhões, o que representa uma retração de 15,4% em relação ao total de R$ 78,478 bilhões em disponibilidades ao final do primeiro trimestre. Com isso, a dívida líquida chegou ao final do trimestre em R$ 241,349 bilhões, uma expansão de 5,1% em relação a março.

Investimento

Os investimentos da Petrobras somaram R$ 41,499 bilhões no primeiro semestre, montante 6% inferior ao registrado no mesmo período de 2013. A maior parte dos investimentos foi direcionada à área de Exploração e Produção (E&P), com o equivalente a R$ 26,926 bilhões (65% do total). Na sequência aparecem as áreas de Abastecimento, com aporte de R$ 9,486 bilhões (23% do total) no período, e de Gás e Energia, com R$ 2,590 bilhões (6% do total).

Quando considerado apenas o segundo trimestre, os investimentos somaram R$ 20,915 bilhões, retração de 14,1% em relação ao mesmo intervalo do ano passado.

A Petrobras planeja investir R$ 94,6 bilhões em 2014, montante 9% inferior ao desembolsado no ano passado (R$ 104,4 bilhões). Em 2013, contudo, a Petrobras investiu R$ 6 bilhões apenas no pagamento em bônus de assinatura referente à participação da estatal no consórcio que venceu o leilão do campo de Libra. A Petrobras assumiu 40% do bônus total pago pelo consórcio, no valor de 15 bilhões.

A maior parte dos investimentos da estatal em 2013 foi direcionada à área de E&P, com R$ 59,993 bilhões (57% do total). A área de Abastecimento, a segunda mais importante da companhia, totalizou R$ 30,710 bilhões (29% do total).

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