Alemanha e França enfrentam pressão para acelerar vacinação e evitar perder doses

As autoridades da Alemanha e da França estão sob pressão para apresentar soluções para aplicar as doses do imunizante da Oxford/ AstraZeneca em maior velocidade e evitar um acúmulo de doses não utilizadas nas próximas semanas. As informações são do jornal britânico <i>The Guardian</i> em reportagem publicada nesta terça-feira, 2.

Na segunda, o órgão regulador médico da França reverteu seu conselho de não usar as doses da AstraZeneca em pessoas com mais de 65 anos, e o comitê de vacinação da Alemanha está sob pressão para seguir o mesmo exemplo.

Ambos os países demoraram a administrar a vacina devido a um conflito entre o produtor sueco-britânico da vacina e a comissão europeia em janeiro, por causa no atraso na entrega das doses.

A taxa de utilização das doses da vacina da AstraZeneca na França é de 24%, disse um funcionário do ministério da saúde na terça-feira, bem abaixo da meta estabelecida de 80-85%. Na Alemanha, dois terços das 1,4 milhão de doses administradas permaneciam armazenadas na segunda, ainda de acordo com o <i>The Guardian</i>.

Na cidade de Duisburg, no oeste da Alemanha, por exemplo, um porta-voz disse que 50% a 70% das doses da vacina da AstraZeneca não foram aceitas ou foram canceladas. Segundo especialistas, o ceticismo parece ser um fenômeno local restrito a regiões específicas, e os problemas logísticos têm desempenhando papel muito maior.

Na segunda maior cidade da Alemanha, Hamburgo, as autoridades disseram que quase não sentiram relutância entre aqueles que receberam a vacina de Oxford, mas admitiram que a decisão de liberar a vacina apenas para menores de 65 anos criou "problemas logísticos consideráveis".

"Esperávamos que a vacina da AstraZeneca fosse um dos principais impulsionadores de nosso programa, já que seus modestos requisitos de armazenamento significavam que poderíamos tê-la administrado por meio de consultórios médicos antes das vacinas da BioNTech ou Moderna", disse ao The Guardian Martin Helfrich, porta-voz da o ministério da saúde na cidade de Hamburgo.

As vacinas da Moderna e da BioNTech precisam de temperaturas muito baixas, e não podem ser armazenadas em refrigeradores comuns. A decisão alemã de não liberar a vacina para maiores de 65 anos significou que as autoridades tiveram que buscar ativamente os jovens no grupo de maior prioridade.

O porta-voz do ministério da saúde disse que esperava que houvesse um "período de agitação" no início de abril, quando os centros de vacinação da cidade estarão funcionando a plena capacidade, mas ainda não há doses suficientes para fornecer aos grupos prioritários. Enquanto isso, ainda há espaço para fazer com que a operação alemã funcione de forma mais eficiente – no domingo, seis dos 16 estados do país não vacinaram ninguém.

Encontrar trabalhadores essenciais, como equipes médicas ou bombeiros, foi feito com relativa rapidez por meio de sindicatos e associações trabalhistas. Mas chegar aos mais jovens com condições pré-existentes era uma tarefa mais trabalhosa, com o Estado tendo que convidá-los pelo correio para marcar uma consulta por telefone, causando atrasos consideráveis.

Criatividade
Algumas cidades começaram a experimentar formas criativas de aplicar as doses do estoque: para cada dose que sobrou em Duisburg, um software especialmente desenvolvido envia mensagens de texto para três pessoas em uma lista de voluntários interessados. O primeiro a responder recebe uma consulta para receber a dose.

Na França, relatos de dificuldade logística com a AstraZeneca também ofuscaram falhas no desenho da estratégia de implementação da vacina no país. Embora alguns médicos tenham dito publicamente que não estão recomendando a vacina, e alguns profissionais de saúde relutaram em tomá-la por causa dos efeitos colaterais experimentados por alguns colegas, há poucas evidências de que a vacina da AstraZeneca está sendo recusada.

Analistas disseram que o grande número de doses não utilizadas da AstraZeneca parece ser mais um resultado do governo se concentrando na vacinação dos grupos mais idosos e em maior risco para quem a dose não havia sido aprovada, sem plano de reserva para uso de doses sobressalentes.

Como a maioria dos países da UE, a França também não seguiu o Reino Unido na extensão da lacuna entre a primeira e a segunda doses da vacina contra a covid além do período recomendado pelo fabricante, o que significa que deve manter mais reserva para as segundas doses iniciais.

Velocidade
Como milhões de doses da AstraZeneca, BioNTech e Moderna devem chegar à UE neste mês, o problema na França e na Alemanha está mudando da falta de oferta para a dificuldade em aplicar a vacina com rapidez suficiente.

Se a Alemanha continuasse a vacinar as pessoas no ritmo atual, calculou o jornal Die Welt na segunda, o país vai acumular quase 5 milhões de doses não utilizadas até a terceira semana de março. A lenta implementação da França deve acelerar significativamente, com médicos que trabalham em clínicas autorizados a administrar injeções desde a semana passada e farmácias seguindo o processo esta semana após uma decisão do regulador de saúde do país na terça.

O ministro da saúde francês, Olivier Véran, disse que a França deve aplicar 6 milhões de doses em março, o dobro dos primeiros dois meses da campanha de vacinação. O primeiro-ministro, Jean Castex, disse que todos com mais de 50 anos receberiam uma injeção até meados de maio. (Com agências internacionais)

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